Parceria entre ASA e BNDES transforma vidas no Semiárido
Para 2018, a expectativa é que o BNDES continue apoiando ações no Semiárido | Foto: Elka Macedo
No
Semiárido brasileiro milhares de famílias celebram a fartura que veem
brotar dos quintais. Com água para produção, as camponesas e os
camponeses acessam novas possibilidades de se conviver com as
adversidades do clima. O gerenciamento adequado dos recursos hídricos e
a diversificação dos cultivos possibilita uma vida digna na região, sem
necessidade das famílias migrarem para outros lugares.
A água para produzir ou segunda água é uma conquista das famílias agricultoras, após terem garantidas a água potável para beber, e se dá por meio do acesso a tecnologias sociais de captação de água da chuva, como cisternas-calçadão, cisternas-enxurrada, barreiros trincheiras e outras inovações do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2). A ação é desenvolvida pela Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) com o apoio de diversos parceiros, a exemplo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Desde 2014, o BNDES tem garantido que algumas ações de convivência com o Semiárido desenvolvidas pela ASA sejam efetivadas. A Chefe do Departamento de Inclusão Produtiva do BNDES, Daniela Arantes, destaca que quando o banco resolveu encarar de frente o problema da seca no Semiárido e se interessou por implantar tecnologias sociais de convivência com essa realidade, teve a oportunidade de conhecer mais de perto o trabalho que a ASA já realizava na região há mais de uma década.
“Procuramos quem poderia fazer este tipo de ação e descobrimos que a ASA era responsável pela implantação de quase a totalidade das cisternas de placas que tinham no Semiárido na época. A parceria foi tão bem sucedida que, quando tivemos orçamento no ano seguinte, procuramos novamente a ASA para um segundo contrato, e agora estamos entrando no terceiro contrato com a ASA porque vimos que o resultado foi super positivo. A implantação da cisterna, por si só, já é muito meritória, mas o mais interessante é o que está atrelado a ela. Todo o processo de mobilização, participação coletiva na escolha das famílias e capacitação, tanto para a construção da cisterna quanto para o gerenciamento do uso da água, é o que torna o resultado da ação ainda mais positivo. Posso garantir que temos muito orgulho dessa parceria”, ressaltou Daniela.
Ela salienta ainda que tanto a implantação de tecnologias para captar água, quanto o fortalecimento e a construção de casas de sementes são ações estratégicas e que animam o BNDES a continuar a parceria. “Quando a gente se depara com as famílias e comunidades que foram contempladas com esses dois tipos de apoio e percebe a mudança na qualidade de vida que essas ações podem fazer, é realmente muito gratificante, nos enche de orgulho e nos inspira a fazer cada mais. No momento em que o país se encontra é difícil falar de perspectivas futuras, no entanto, podemos garantir que para 2017 há a previsão de mais um contrato com a ASA, utilizando novamente recursos não reembolsáveis do Fundo Social do BNDES. Para 2018, a nossa intenção é continuar com este tipo de atuação”, salienta.
Visita às famílias
Com o intuito de conhecer de perto o resultado das ações de convivência com o Semiárido, que incluem a mobilização e formação das famílias, bem como a construção de tecnologias, uma delegação composta por representantes do BNDES e da ASA visitou, durante os dias 27 e 28 de junho, famílias agricultoras acompanhadas pelo Centro de Estudos do Trabalho e Assessoria ao Trabalhador (Cetra), entidade que integra a ASA, nos municípios de Itapipoca, Umirim e Teijuçuoca, no semiárido cearense.
Foi nos quintais de Margarida, Valdenia, Geane, Maria de Fátima e Raimunda que foi possível constatar a transformação que ações simples como a implantação de tecnologias de “segunda água”, aliada à formação, vem fazendo no cotidiano de quem habita as zonas rurais da região. O verde que desponta das folhagens e hortaliças aliada ao colorido de legumes e frutas, são o retrato de quem soube mudar a sua própria realidade.
A jovem Geane Carla, que mora no Sitio Santo André, no município cearense de Umirim, foi uma das mulheres que conquistou o direito à água para produção. Junto com os pais e os irmãos, ela mantém uma produção diversa nos sete hectares de terra da família, que enche os olhos de quem chega na propriedade.
“Desde pequena eu e meus irmãos sempre trabalhamos com nossos pais, mas infelizmente em terrenos alheios. Mas há nove anos Deus nos deu esta terra e nós cultivamos várias variedades, bananas, hortas, mamão, manga e outras culturas. Sempre tivemos essa paixão por terra, por cultivar, somos seis pessoas e todo mundo trabalha junto e a renda vem daqui. Nós comemos do que plantamos. Agora fomos beneficiados com a cisterna de 52 mil litros e podemos ter água ao longo do verão e agora a gente pode fazer consorciação de cultivos”, planeja confiante.
Quando questionada sobre por que gosta do campo, Geane responde sem dúvida: “Tudo me motiva a continuar no campo. Iniciei duas faculdades uma de administração e outra de pedagogia, mas não me encontrei. Agora que estou num curso de técnico agropecuária me identifiquei, e tanto quero implantar o que aprendo aqui na roça da minha família, e também ajudar e dar assistência aos vizinhos. Eu gosto muito de lidar com a terra”. Para ela, os maiores desafios estão relacionados às estações menos chuvosas e à existência de muitos produtores que ainda usam agrotóxicos na região.
Na passagem por Itapipoca, a delegação conheceu também a Casa de Sementes do Povo Indígena Tremembé, da Barra do Mundaú. Na comunidade, estão sendo resgatadas e armazenadas sementes que fazem parte da cultura local, a exemplo da semente nativa do murici, fruto que é mote da festa do murici e do batiputá (outra planta nativa) que acontece sempre em janeiro. Sementes de feijão gonzaga-mota, milho baé e feijão-de-porco também fazem parte do estoque comunitário. Para guardar a semente e garantir que ela germine, os guardiões e guardiãs utilizam areia da praia, pimenta-do-reino ou casca de alho.
Atualmente, segundo a liderança Tremembé, Adriana Carneiro, além do resgate e valorização da semente, outras lutas da comunidade são pela indenização dos não-indígenas que habitam as terras Tremembé, bem como a resistência contra a especulação imobiliária que tem almejado ocupar parte das terras para construir resorts. “Hoje nós temos o território demarcado, mas cobiçado por empresários e latifundiários porque ela é rica em mangues, praia e biodiversidade”, destacou a liderança.
A água para produzir ou segunda água é uma conquista das famílias agricultoras, após terem garantidas a água potável para beber, e se dá por meio do acesso a tecnologias sociais de captação de água da chuva, como cisternas-calçadão, cisternas-enxurrada, barreiros trincheiras e outras inovações do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2). A ação é desenvolvida pela Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) com o apoio de diversos parceiros, a exemplo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Desde 2014, o BNDES tem garantido que algumas ações de convivência com o Semiárido desenvolvidas pela ASA sejam efetivadas. A Chefe do Departamento de Inclusão Produtiva do BNDES, Daniela Arantes, destaca que quando o banco resolveu encarar de frente o problema da seca no Semiárido e se interessou por implantar tecnologias sociais de convivência com essa realidade, teve a oportunidade de conhecer mais de perto o trabalho que a ASA já realizava na região há mais de uma década.
“Procuramos quem poderia fazer este tipo de ação e descobrimos que a ASA era responsável pela implantação de quase a totalidade das cisternas de placas que tinham no Semiárido na época. A parceria foi tão bem sucedida que, quando tivemos orçamento no ano seguinte, procuramos novamente a ASA para um segundo contrato, e agora estamos entrando no terceiro contrato com a ASA porque vimos que o resultado foi super positivo. A implantação da cisterna, por si só, já é muito meritória, mas o mais interessante é o que está atrelado a ela. Todo o processo de mobilização, participação coletiva na escolha das famílias e capacitação, tanto para a construção da cisterna quanto para o gerenciamento do uso da água, é o que torna o resultado da ação ainda mais positivo. Posso garantir que temos muito orgulho dessa parceria”, ressaltou Daniela.
Ela salienta ainda que tanto a implantação de tecnologias para captar água, quanto o fortalecimento e a construção de casas de sementes são ações estratégicas e que animam o BNDES a continuar a parceria. “Quando a gente se depara com as famílias e comunidades que foram contempladas com esses dois tipos de apoio e percebe a mudança na qualidade de vida que essas ações podem fazer, é realmente muito gratificante, nos enche de orgulho e nos inspira a fazer cada mais. No momento em que o país se encontra é difícil falar de perspectivas futuras, no entanto, podemos garantir que para 2017 há a previsão de mais um contrato com a ASA, utilizando novamente recursos não reembolsáveis do Fundo Social do BNDES. Para 2018, a nossa intenção é continuar com este tipo de atuação”, salienta.
Visita às famílias
Com o intuito de conhecer de perto o resultado das ações de convivência com o Semiárido, que incluem a mobilização e formação das famílias, bem como a construção de tecnologias, uma delegação composta por representantes do BNDES e da ASA visitou, durante os dias 27 e 28 de junho, famílias agricultoras acompanhadas pelo Centro de Estudos do Trabalho e Assessoria ao Trabalhador (Cetra), entidade que integra a ASA, nos municípios de Itapipoca, Umirim e Teijuçuoca, no semiárido cearense.
Foi nos quintais de Margarida, Valdenia, Geane, Maria de Fátima e Raimunda que foi possível constatar a transformação que ações simples como a implantação de tecnologias de “segunda água”, aliada à formação, vem fazendo no cotidiano de quem habita as zonas rurais da região. O verde que desponta das folhagens e hortaliças aliada ao colorido de legumes e frutas, são o retrato de quem soube mudar a sua própria realidade.
A jovem Geane Carla, que mora no Sitio Santo André, no município cearense de Umirim, foi uma das mulheres que conquistou o direito à água para produção. Junto com os pais e os irmãos, ela mantém uma produção diversa nos sete hectares de terra da família, que enche os olhos de quem chega na propriedade.
“Desde pequena eu e meus irmãos sempre trabalhamos com nossos pais, mas infelizmente em terrenos alheios. Mas há nove anos Deus nos deu esta terra e nós cultivamos várias variedades, bananas, hortas, mamão, manga e outras culturas. Sempre tivemos essa paixão por terra, por cultivar, somos seis pessoas e todo mundo trabalha junto e a renda vem daqui. Nós comemos do que plantamos. Agora fomos beneficiados com a cisterna de 52 mil litros e podemos ter água ao longo do verão e agora a gente pode fazer consorciação de cultivos”, planeja confiante.
Quando questionada sobre por que gosta do campo, Geane responde sem dúvida: “Tudo me motiva a continuar no campo. Iniciei duas faculdades uma de administração e outra de pedagogia, mas não me encontrei. Agora que estou num curso de técnico agropecuária me identifiquei, e tanto quero implantar o que aprendo aqui na roça da minha família, e também ajudar e dar assistência aos vizinhos. Eu gosto muito de lidar com a terra”. Para ela, os maiores desafios estão relacionados às estações menos chuvosas e à existência de muitos produtores que ainda usam agrotóxicos na região.
Na passagem por Itapipoca, a delegação conheceu também a Casa de Sementes do Povo Indígena Tremembé, da Barra do Mundaú. Na comunidade, estão sendo resgatadas e armazenadas sementes que fazem parte da cultura local, a exemplo da semente nativa do murici, fruto que é mote da festa do murici e do batiputá (outra planta nativa) que acontece sempre em janeiro. Sementes de feijão gonzaga-mota, milho baé e feijão-de-porco também fazem parte do estoque comunitário. Para guardar a semente e garantir que ela germine, os guardiões e guardiãs utilizam areia da praia, pimenta-do-reino ou casca de alho.
Atualmente, segundo a liderança Tremembé, Adriana Carneiro, além do resgate e valorização da semente, outras lutas da comunidade são pela indenização dos não-indígenas que habitam as terras Tremembé, bem como a resistência contra a especulação imobiliária que tem almejado ocupar parte das terras para construir resorts. “Hoje nós temos o território demarcado, mas cobiçado por empresários e latifundiários porque ela é rica em mangues, praia e biodiversidade”, destacou a liderança.
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