Programa de melhoramento adota genômica em sumário de caprinos de leite
Jarbas Vidal é um dos integrantes do programa Capragene, que promove melhoramento de caprinos leiteiros na região Sudeste
O Programa de Melhoramento Genético de Caprinos Leiteiros (Capragene) lança no dia 2 de junho, durante a 56ª Exposição Estadual Agropecuária de Minas Gerais, em Belo Horizonte (MG), o 1º Sumário de Avaliação Genética Genômica.
A publicação apresenta capacidades previstas de transmissão genômica
(PTAg) para a raça Saanen, especialmente as referentes às
características ligadas à produção e qualidade do leite. Isso significa
que os produtores poderão utilizar o sumário para selecionar os animais
mais adequados para participar de acasalamentos que gerem crias capazes
de produzir leite de qualidade e em boa quantidade, entre outras
características almejadas. Este é o 2º Sumário de Avaliação Genética
lançado pelo programa.
Desenvolvido desde 2005, em parceria entre Embrapa e Associação dos Criadores de Caprinos e Ovinos de Minas Gerais (Caprileite/ACCOMIG), o Capragene reúne produtores dos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Espírito Santo, promovendo melhoramento dos rebanhos, com foco em características desejáveis para a produção de leite de cabra.
Segundo Ana Maria Lôbo, pesquisadora da área de Melhoramento Genético Animal da Embrapa Caprinos e Ovinos (CE), a vantagem do uso da genômica é reduzir o tempo de avaliação dos reprodutores e garantir melhor acurácia das estimativas dos valores genéticos. O chamado valor genético (do inglês “breeding value” - BV) de um reprodutor para produção de leite é estimado por meio da futura produção de leite das suas filhas, avaliada por meio do teste de progênie. “Este processo muitas vezes é demorado, uma vez que é necessário esperar o encerramento da primeira lactação das filhas do reprodutor em teste”, explica a pesquisadora.
“Poderemos reduzir esse intervalo de geração e selecionar animais jovens, já prevendo o fenótipo de suas filhas, para os acasalamentos ou para disponibilizar doses de sêmen, disponíveis para aquisição dos criadores para inseminação artificial e multiplicação deste material genético testado superior”, explica Ana Lôbo. Com a disponibilização dessas informações em sumários, a ideia é fazer com que informações confiáveis possam chegar aos produtores sobre o potencial genético dos animais dos rebanhos participantes do programa. A equipe de Ana Lôbo utilizou a técnica de genotipagem com chip de SNPs [sigla do inglês Single Nucleotide Polymorphims] representativos de todo o genoma caprino.
Para Olivardo Facó, também pesquisador da área de Melhoramento Genético Animal da Embrapa Caprinos e Ovinos, a disponibilização de informações a criadores engajados em programas de melhoramento animal pode transformar uma cultura de classificar os animais tendo por base apenas aspectos morfológicos, sem medidas objetivas que permitam a avaliação de seu potencial genético para o aumento da produtividade. “Com a avaliação genética, temos como orientar os processos de seleção e de direcionamento dos acasalamentos, permitindo um maior ganho genético para características de interesse econômico e controle da consanguinidade”, frisa Facó.
Uma das contribuições do programa é minimizar o acasalamento de animais geneticamente próximos, o que ocorre quando os animais são aparentados. Esses acasalamentos consanguíneos são mais comuns em pequenos rebanhos. O sumário permite que o produtor escolha animais com perfis genéticos mais distantes para acasalar evitando, assim, problemas provocados pela endogamia como deformidades e perdas no vigor.
Valor dos animais dobrou
Outro resultado importante do programa é a valorização dos rebanhos participantes. São estes ganhos no valor dos animais que têm estimulado o criador Jarbas Vidal a continuar no Capragene. Logo após a publicação do primeiro Sumário do programa, em 2014, por exemplo, ele conta que o valor de seus animais avaliados pelo teste de progênie chegou a dobrar. “Mesmo os filhos de animais que vão entrar no próximo catálogo já são procurados. Tudo isso aumenta a credibilidade”, ressalta ele.
Vidal acrescenta que, nos últimos anos, já chegou a vender sêmen de seus reprodutores a empresas especializadas em inseminação artificial e que as crias de seus reprodutores já chegaram a outros países. “Eu tenho uma cabra, neta de um bode meu, que está em produção na Venezuela. O produtor que me mostrou a foto já me comprou um bodinho. Ele comenta sobre meus animais para outros produtores”, conta.
Programa de Melhoramento Genético
O Capragene foi desenvolvido a partir de um projeto de pesquisa iniciado em 2005 e liderado pelo pesquisador Raimundo Lôbo, também da área de Melhoramento Genético Animal da Embrapa Caprinos e Ovinos. “Não existia no Brasil um programa, dependíamos sempre de genética importada”, ressalta.
Lôbo destaca também que, a partir do projeto original foram iniciadas ações que permanecem como pilares do programa até hoje: o controle das informações geradas, com a adoção de escrituração zootécnica para monitoramento dos rebanhos e um sistema informatizado para gerenciamento; os testes de progênie, para avaliação do valor genético dos machos reprodutores a partir do desempenho de suas filhas; o uso das biotecnologias de reprodução, para congelamento de sêmen dos reprodutores e inseminação artificial.
O programa também colaborou para consolidar técnica recomendada pela Embrapa para inseminação artificial transcervical em caprinos, tecnologia testada nos rebanhos do Capragene. “Obtivemos resultados, em média, 30% a 40% superiores em relação à inseminação tradicional. Do início do programa até agora, todos os criatórios, com exceção dos que só ingressaram em 2016, participaram de treinamentos para adoção desta técnica. Foi uma grande evolução, comprovada pela quantidade de progênies [crias] verificada a cada teste”, destaca o pesquisador Jeferson Fonseca, do Núcleo Sudeste da Embrapa Caprinos e Ovinos, sediado em Juiz de Fora (MG).
No programa, a Embrapa conta com as parcerias da Caprileite/ACCOMIG e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), além do apoio da Associação Brasileira de Criadores de Caprinos (ABCC), compondo uma rede que garante aos produtores participantes as condições para registro e monitoramento de dados sobre os rebanhos, além dos testes de progênie e apoio na reprodução de animais.
Para Maria Pia Paiva, Superintendente de Registro Genealógico Caprino da ACCOMIG, mesmo com a necessidade de que uma quantidade maior de produtores na região passe a adotar as práticas recomendadas para melhoramento genético e participar do programa, o fato é que ele já trouxe avanços para os participantes. “O Capragene tem feito muita diferença nos criatórios. Investir no melhoramento é uma tendência que não tem como voltar atrás, é indescritível o valor que se pode agregar”, enfatiza.
Desenvolvido desde 2005, em parceria entre Embrapa e Associação dos Criadores de Caprinos e Ovinos de Minas Gerais (Caprileite/ACCOMIG), o Capragene reúne produtores dos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Espírito Santo, promovendo melhoramento dos rebanhos, com foco em características desejáveis para a produção de leite de cabra.
Segundo Ana Maria Lôbo, pesquisadora da área de Melhoramento Genético Animal da Embrapa Caprinos e Ovinos (CE), a vantagem do uso da genômica é reduzir o tempo de avaliação dos reprodutores e garantir melhor acurácia das estimativas dos valores genéticos. O chamado valor genético (do inglês “breeding value” - BV) de um reprodutor para produção de leite é estimado por meio da futura produção de leite das suas filhas, avaliada por meio do teste de progênie. “Este processo muitas vezes é demorado, uma vez que é necessário esperar o encerramento da primeira lactação das filhas do reprodutor em teste”, explica a pesquisadora.
“Poderemos reduzir esse intervalo de geração e selecionar animais jovens, já prevendo o fenótipo de suas filhas, para os acasalamentos ou para disponibilizar doses de sêmen, disponíveis para aquisição dos criadores para inseminação artificial e multiplicação deste material genético testado superior”, explica Ana Lôbo. Com a disponibilização dessas informações em sumários, a ideia é fazer com que informações confiáveis possam chegar aos produtores sobre o potencial genético dos animais dos rebanhos participantes do programa. A equipe de Ana Lôbo utilizou a técnica de genotipagem com chip de SNPs [sigla do inglês Single Nucleotide Polymorphims] representativos de todo o genoma caprino.
Para Olivardo Facó, também pesquisador da área de Melhoramento Genético Animal da Embrapa Caprinos e Ovinos, a disponibilização de informações a criadores engajados em programas de melhoramento animal pode transformar uma cultura de classificar os animais tendo por base apenas aspectos morfológicos, sem medidas objetivas que permitam a avaliação de seu potencial genético para o aumento da produtividade. “Com a avaliação genética, temos como orientar os processos de seleção e de direcionamento dos acasalamentos, permitindo um maior ganho genético para características de interesse econômico e controle da consanguinidade”, frisa Facó.
Uma das contribuições do programa é minimizar o acasalamento de animais geneticamente próximos, o que ocorre quando os animais são aparentados. Esses acasalamentos consanguíneos são mais comuns em pequenos rebanhos. O sumário permite que o produtor escolha animais com perfis genéticos mais distantes para acasalar evitando, assim, problemas provocados pela endogamia como deformidades e perdas no vigor.
Valor dos animais dobrou
Outro resultado importante do programa é a valorização dos rebanhos participantes. São estes ganhos no valor dos animais que têm estimulado o criador Jarbas Vidal a continuar no Capragene. Logo após a publicação do primeiro Sumário do programa, em 2014, por exemplo, ele conta que o valor de seus animais avaliados pelo teste de progênie chegou a dobrar. “Mesmo os filhos de animais que vão entrar no próximo catálogo já são procurados. Tudo isso aumenta a credibilidade”, ressalta ele.
Vidal acrescenta que, nos últimos anos, já chegou a vender sêmen de seus reprodutores a empresas especializadas em inseminação artificial e que as crias de seus reprodutores já chegaram a outros países. “Eu tenho uma cabra, neta de um bode meu, que está em produção na Venezuela. O produtor que me mostrou a foto já me comprou um bodinho. Ele comenta sobre meus animais para outros produtores”, conta.
Programa de Melhoramento Genético
O Capragene foi desenvolvido a partir de um projeto de pesquisa iniciado em 2005 e liderado pelo pesquisador Raimundo Lôbo, também da área de Melhoramento Genético Animal da Embrapa Caprinos e Ovinos. “Não existia no Brasil um programa, dependíamos sempre de genética importada”, ressalta.
Lôbo destaca também que, a partir do projeto original foram iniciadas ações que permanecem como pilares do programa até hoje: o controle das informações geradas, com a adoção de escrituração zootécnica para monitoramento dos rebanhos e um sistema informatizado para gerenciamento; os testes de progênie, para avaliação do valor genético dos machos reprodutores a partir do desempenho de suas filhas; o uso das biotecnologias de reprodução, para congelamento de sêmen dos reprodutores e inseminação artificial.
O programa também colaborou para consolidar técnica recomendada pela Embrapa para inseminação artificial transcervical em caprinos, tecnologia testada nos rebanhos do Capragene. “Obtivemos resultados, em média, 30% a 40% superiores em relação à inseminação tradicional. Do início do programa até agora, todos os criatórios, com exceção dos que só ingressaram em 2016, participaram de treinamentos para adoção desta técnica. Foi uma grande evolução, comprovada pela quantidade de progênies [crias] verificada a cada teste”, destaca o pesquisador Jeferson Fonseca, do Núcleo Sudeste da Embrapa Caprinos e Ovinos, sediado em Juiz de Fora (MG).
No programa, a Embrapa conta com as parcerias da Caprileite/ACCOMIG e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), além do apoio da Associação Brasileira de Criadores de Caprinos (ABCC), compondo uma rede que garante aos produtores participantes as condições para registro e monitoramento de dados sobre os rebanhos, além dos testes de progênie e apoio na reprodução de animais.
Para Maria Pia Paiva, Superintendente de Registro Genealógico Caprino da ACCOMIG, mesmo com a necessidade de que uma quantidade maior de produtores na região passe a adotar as práticas recomendadas para melhoramento genético e participar do programa, o fato é que ele já trouxe avanços para os participantes. “O Capragene tem feito muita diferença nos criatórios. Investir no melhoramento é uma tendência que não tem como voltar atrás, é indescritível o valor que se pode agregar”, enfatiza.
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