Como usar o suplemento mineral para bovinos em época de seca
Uma característica da criação de gado de corte, no Brasil, é, segundo o médico veterinário Diego Magri Bernardes, do Departamento Técnico da Matsuda Minas a de criação “em regime de pastagens com manejo extensivo durante todo ano. Nesse cenário, os animais estão sujeitos às mudanças nos valores nutricionais das pastagens de acordo com a época do ano”. Ele explica que “para as plantas forrageiras, as condições climáticas, nutrientes do solo disponíveis e o manejo adotado influenciam diretamente em sua característica nutricional”. Desse modo “Quando os nutrientes consumidos pelo animal não suprem a mantença, que é a exigência mínima para manter o peso — respirando, caminhando, funções vitais, etc. —, há perda de peso”.O veterinário ressalta que, “quando esses fatores do ambiente se tornam limitantes, a planta forrageira inicia a maturação — crescimento de haste, aumento de frações fibrosas de menor degradabilidade — e o florescimento — semeadura, migração de nutrientes para a formação da semente —, diminuindo assim sua digestibilidade e teor de nutrientes, principalmente de proteína”. Tudo issoacontece no final da estação chuvosa — início da transição e seca —, estendendo-se até o início da próxima estação chuvosa.
Nesse período, os nutrientes oferecidos pela pastagem não são suficientes para o correto funcionamento do sistema digestivo do animal (ruminação), pois a falta de proteína no capim diminui o crescimento dos microorganismos do rumem e conseqüentemente a digestão da forragem, já que diminui o consumo. Com menor consumo, há menor ingestão de nutrientes e conseqüentemente menor ganho de peso.
Diego Bernardes orienta ainda sobre a diversidade de produtos para suplementação e a destinação de cada um deles. Ele explica que a “linha branca” consiste apenas numa mistura mineral sem presença de farelos ou uréia. Já os “ureados” são misturas minerais com presença de uréia, porém sem ou muito pouco farelo, visando manutenção de peso, com baixo consumo (< 120g/dia). Por seu lado, o “proteinado de baixo consumo” é uma mistura mineral com uréia e farelos visando ganhos de peso baixos ou manutenção de animais mais exigentes, com baixo a médio consumo (100 a 200/dia ou 30 – 50g /100 kg de PV).
O “proteinado de médio consumo”, conforme cita Bernardes, é uma mistura mineral com uréia e mais farelos visando ganhos de peso baixos a médio, com médio consumo (100g /100 kg de PV), havendo necessidade do consumo correto, pois os minerais são diluídos de acordo com o consumo previsto. O “proteinado de alto consumo”, por sua vez, consiste numa mistura mineral com ou sem uréia e bastante farelo, visando ganhos de peso elevados, porém variando muito com a qualidade da pastagem, com alto consumo e normalmente consumo controlado. O proprietário fornece diariamente a quantidade pelo número e peso dos animais (250g /100 kg de PV ou maior quantidade se for necessário).
Devido à presença de uréia nos proteinados, mesmo em baixas quantidades em alguns, há necessidade de se fazer adaptação ao consumo da uréia para evitar os riscos de intoxicação, conforme orienta o veterinário da Matsuda, que consiste na diluição do proteinado em um mineral sem uréia e o fornecimento de 10 a 15 dias na proporção 1:1 e depois fornecer sem interrupção o proteinado. Caso ficar mais de 3 dias sem o produto, readaptar.
Bernardes ressalta ainda que os cochos “devem ser cobertos e obrigatoriamente furados para evitar acúmulo de água, pois proteinado com uréia intoxica se o animal ingerir a uréia concentrada na água empoçada do cocho”.
Devido ao consumo diferenciado de cada tipo, o produto para suplementação deve ser oferecido em tamanho de cocho específico, quanto maior o consumo do produto maior deve ser a disponibilidade linear por cabeça. Caso não haja disponibilidade de volumoso, usar produtos da linha branca (sem ureia) específico por categoria.
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