Mandioca
Silagem de mandioca aumenta produção de leite e atua como repelente natural de carrapatos
Silagem de mandioca aumenta produção de leite e atua como repelente natural de carrapatos
Um dos itens que
mais impactam nos custos de produção da atividade leiteira é a
suplementação alimentar do rebanho, responsável por um aumento mínimo de
60% no valor final investido com cada animal. A utilização da silagem
feita a partir das folhas e ramos da mandioca é uma alternativa que vem
demonstrando viabilidade para o produtor de leite, em razão do baixo
custo de produção, alto teor proteico e o efeito fitoterápico de combate
aos carrapatos.
A comprovação antiparasitária no rebanho
foi identificada pelo produtor José Ivo de Souza e sua esposa, Delúcia
Duarte de Souza, na estância São José, localizada no município de
Anaurilânida. O casal faz parte do grupo de 50 produtores assistidos no
município pelo programa Mais Leite, uma das linhas de atuação da ATeG –
Assistência Técnica e Gerencial, do Senar/MS – Serviço Nacional de
Aprendizagem Rural.
Os resultados imediatos identificados
pelo produtor foram percebidos inicialmente nos custos com a compra de
ração (gastava 480 kg com ração mensalmente) e o aumento na produção de
leite que aumentou em 25 litros diários, após o consumo da fenagem.
“Fiquei satisfeito com a mudança, as vacas aceitaram muito bem e
produzem mais. Porém, o que mais chamou a atenção foi que os carrapatos
dos animais mudaram de coloração, murchavam e caiam, a partir de 15 dias
consumindo a silagem”, explica.
A resposta veio do técnico de campo,
Ronaldo Bandoch, que esclarece a ação da planta no organismo animal. “A
mandioca possui um composto químico chamado ácido cianídrico, presente
nas folhas, ramas e raízes. Quando este material passa pelo processo de
moagem, a maior parte da toxina se evapora com a secagem, entretanto, os
resíduos que permanecem são digeridos pelos animais e expelidos pelo
suor agindo como um repelente contra estes parasitas”, argumenta.
Delúcia também acompanha o manejo diário
e reforça que a assistência técnica oferecida pelo Senar/MS
proporcionou ainda mais conhecimentos sobre a pecuária de leite. “Minha
família sempre trabalhou com leiteria, mas, as técnicas recomendadas
pelo Ronaldo mostraram que devemos estar atentos a tudo, da alimentação à
genética dos animais. Por isso, já planejamos trocar o rebanho aos
poucos, sem deixar cair a produção”, observa.
Estudos
científicos – Desde 2014, pesquisadores da Embrapa Tabuleiros Costeiros
(Aracaju/SE) e Gado de Leite (Juiz de Fora /MG) desenvolvem um projeto
para verificar a eficiência de carrapaticidas com a utilização de
manipueira, um liquido extraído da mandioca quando prensada no processo
de fabricação da farinha. Outras utilizações estão em processo mais
adiantado de utilização, misturando o extrato com água oferecida aos
animais, por exemplo.
Bandoch destaca que a utilização da
silagem de mandioca é melhor aceita pelos produtores nos últimos anos,
mas ainda necessita de divulgação sobre suas potencialidades. “Esta
técnica só não é mais utilizada por falta de informação, visto que é um
alimento alternativo com muitas vantagens. É uma ração balanceada já que
a raiz é fonte de energia e carboidratos, a rama contém mineral e a
folha é fonte de proteína que varia de 28% a 32%”, justifica.
Souza possui atualmente 37 vacas em
lactação com uma produção diária de 336 litros, obtidos a partir de uma
ordenha. Com as modificações na alimentação, o planejamento é aumentar
para duas retiradas de leite e chegar a 450 litros, o que é relevante se
for considerado a realidade da atividade leiteira em Mato Grosso do
Sul. Segundo dados da Pesquisa Pecuária Municipal de 2015 do IBGE –
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o Estado ocupa apenas
na 12ª posição no ranking nacional de produção de leite, com uma média
anual de produção por vaca de 1.023 litros.
O atendimento prevê as seguintes etapas
de desenvolvimento: diagnóstico produtivo individualizado, planejamento
estratégico da atividade rural, adequação tecnológica, capacitação
profissional complementar e avaliação sistemática dos resultados. Em
2016, as equipes de técnicos de campo prestaram atendimento para 2.147
propriedades rurais em 48 municípios do Estado.
Na avaliação da gestora do Departamento
de Assistência Técnica e Gerencial, Mariana Urt, os resultados obtidos
pela metodologia comprovam a eficiência do modelo idealizado pelo SENAR.
“São realidades diversas em cada propriedade assistida, independente da
atividade rural. No entanto, um fator é unânime, os produtores que
executam as recomendações propostas pelos técnicos e se capacitam vêm
conquistando ganhos produtivos e qualidade de vida familiar”, conclui.
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