Embrapa lança novo sistema de produção de agricultura integrada
Fruticultura
integrada com lavouras e hortaliças. Essa é a base de um novo sistema
de produção de agricultura integrada desenvolvido pela Embrapa: o
Sistema Filho. O lançamento da tecnologia foi realizado na manhã da
quarta-feira (17) na vitrine da Embrapa montada na Agrobrasília 2017.
Trata-se de uma nova modalidade de Sistema Agroflorestal (SAF)
considerada promissora para a agricultura familiar, fruticultores
empresariais e até mesmo para a agricultura urbana. O nome do sistema
faz referência às iniciais das palavras Fruticultura, Integrada, com
Lavouras e Hortaliças, as quais designam a sua aptidão.
“O sistema surgiu como mais uma opção para se fazer agricultura integrada”, explicou o pesquisador da Embrapa Cerrados, Tadeu Graciolli. Segundo ele, os estudos começaram em 2008, e se buscava alternativas de cultivos para o aproveitamento agrícola das entrelinhas dos pomares. “Quando o produtor estabelece um pomar, como as mudas utilizadas são geralmente pequenas, o espaço físico disponível nas entrelinhas é muito grande e geralmente não aproveitado. Daí é que entra a ideia de se fazer cultivos em consórcio”. Seguindo o Sistema Filho, esse espaço disponível pode ser utilizado para a produção de culturas de ciclo curto, especialmente nos anos iniciais. “O objetivo final é promover a intensificação produtiva da área”, ressaltou o pesquisador.
Segundo ele, as entrelinhas dos pomares, apesar de ociosas, acabam dando trabalho ao agricultor. “Nos anos iniciais após a implantação das fruteiras, o produtor tem que se preocupar bastante com o controle de plantas daninhas, depois de já ter se dedicado às operações de preparo e correção do solo, com investimento de tempo e dinheiro. Além disso, existe a disponibilidade de luz e água para que se promovam cultivos simultâneos”, defendeu. Além de grãos e hortaliças, outras fruteiras também podem ser cultivadas na entrelinha das fruteiras, como o abacaxi plantado nas entrelinhas de graviola e acerola.
“Essa tecnologia tem tudo a ver com o momento atual da agricultura, que busca maior eficiência e rentabilidade por meio da integração, intensificação sustentável e diversificação”, afirmou o chefe da Embrapa Cerrados, Claudio Karia, durante o lançamento da tecnologia. “Com a implantação do sistema, o agricultor consegue girar mais rapidamente a roda financeira da sua exploração agrícola e produzir alimentos de maneira mais contínua. Por exemplo, o cultivo de feijão pode render a primeira colheita em torno de 90 dias após a implantação das fruteiras”, afirmou Graciolli. Assim, com a venda desse feijão, o produtor poderá amortizar mais rapidamente o investimento financeiro aplicado na fruticultura e reduzir o risco inerente às atividades agrícolas.
Durante o lançamento, o pesquisador Tadeu Graciolli apresentou alguns resultados obtidos nesses anos de pesquisa. Em um deles comparou-se as produtividades de cultivares de feijão plantadas no meio de um bananal com as obtidas em uma área ao lado, no mesmo solo, mas fora do plantio da banana. “O cultivo do feijão, na entrelinha da banana, rendeu apenas 6% a menos do que o cultivo de feijão solteiro”. Mas, ele contou que costuma fazer uma leitura um pouco diferente. “Na realidade, obtivemos uma colheita de feijão em uma área que não teria colheita de nenhum produto além da banana, que só seria iniciada quase um ano mais tarde”, ressaltou. No entanto, ele faz uma ressalva. “Não estamos aqui dizendo que é melhor plantar hortaliças ou grãos no meio da fruteira, em comparação com o cultivo solteiro. Essa é apenas uma opção para se aproveitar o espaço disponível nas explorações com fruteiras”, enfatizou.
As pesquisas para o desenvolvimento e aperfeiçoamento do Sistema Filho foram conduzidas pela Embrapa Cerrados, em parceria com Embrapa Hortaliças. “As nossas visões diferenciadas acabaram se complementando”, afirmou o pesquisador da Embrapa Hortaliças, Nuno Madeira. Um dos pontos de destaque do Sistema, segundo ele, quando o assunto são as hortaliças, é a melhoria no ambiente de cultivo proporcionada pelas fruteiras. “Algumas espécies de hortaliças têm exigências climáticas muito específicas, como por exemplo a mandioquinha salsa que necessita de temperaturas mais amenas para o seu cultivo. Nesses casos, já recomendamos fazer, de qualquer forma, uma meia sombra para poder cultivá-las. Então, a sombra das fruteiras é mais do que bem-vinda”. Segundo o pesquisador da Embrapa Hortaliças, outras culturas olerícolas também exigem um clima mais ameno para seu cultivo. “É o caso da taioba, por exemplo. Na sombra ela produz durante o ano todo. Já em sol pleno, apenas de novembro a abril”, relatou.
Irrigação – de acordo com o pesquisador Tadeu Graciolli a irrigação é um componente chave no Sistema Filho. “Sem irrigação não se produz com alta produtividade. Banana, por exemplo, não tem como produzir sem irrigação, já que se trata de uma cultura muito exigente em água”. Segundo ele, na área implantada na vitrine da Agrobrasília utilizando as bases do Sistema colhe-se banana o ano todo. “Essa área está com três anos e meio, ela já está no quarto ciclo de cultivo anual e este ano já temos outras frutas em ponto de colheita para mostrar”, comemorou. Os cultivos de fruteiras integradas com lavouras e hortaliças ocupam uma área de 600 metros quadrados na vitrine da Embrapa na Agrobrasília.
Graciolli defendeu, inclusive, que a banana, ao lado da mandioca, são culturas que o pequeno produtor não pode deixar de ter em sua propriedade. “A banana é a vaca de leite da pequena propriedade rural. Com o cultivo da banana, o produtor tem uma movimentação de caixa semanal”, afirmou. Outro resultado importante já obtido pela pesquisa é que as fruteiras cultivadas nesse sistema requerem menos fertilizantes a partir do terceiro ano de cultivo. “As adubações realizadas nos cultivos de grãos e hortaliças resultam em aumento na fertilidade do solo das entrelinhas, possibilitando a redução das quantidades de fertilizantes para a adubação das fruteiras, colaborando para a redução de custos e aumento na eficiência do sistema como um todo”.
O pesquisador destacou, ainda, a viabilidade agronômica e operacional do Sistema. “A sequência de safras em sucessão é um diferencial importante, pois permite ao agricultor fazer a intensificação produtiva da área. E é importante destacar que quanto menor a área, mais eficiente ela tem que ser”, enfatizou Graciolli. Segundo ele, o Sistema tem aptidão para o Brasil inteiro, contando que se façam as devidas adaptações aos sistemas de produção locais já consolidados, considerando sempre clima, solo e culturas agrícolas para atender as demandas destes mercados.
O Sistema Filho já foi validado em áreas de produtor. Foi o caso, por exemplo, de alguns produtores rurais de Unaí (MG). “Eram produtores que tinham sérios problemas de fluxo de caixa. Faziam agricultura de baixa eficiência. Depois de implantarem gradativamente o sistema em suas propriedades e adquirem segurança para trabalhar com irrigação, conseguiram aumentar o lucro em mais de 200%. Eles passaram a ter uma oferta muito maior de produtos e ficaram bastante satisfeitos. Deixaram de ser vendedores de mão-de-obra e se tornaram microempreendedores”, relatou Graciolli. A expectativa é de que, a partir de agora, essas experiências exitosas possam ser replicadas e os benefícios do sistema alcancem cada vez mais pessoas.
“O sistema surgiu como mais uma opção para se fazer agricultura integrada”, explicou o pesquisador da Embrapa Cerrados, Tadeu Graciolli. Segundo ele, os estudos começaram em 2008, e se buscava alternativas de cultivos para o aproveitamento agrícola das entrelinhas dos pomares. “Quando o produtor estabelece um pomar, como as mudas utilizadas são geralmente pequenas, o espaço físico disponível nas entrelinhas é muito grande e geralmente não aproveitado. Daí é que entra a ideia de se fazer cultivos em consórcio”. Seguindo o Sistema Filho, esse espaço disponível pode ser utilizado para a produção de culturas de ciclo curto, especialmente nos anos iniciais. “O objetivo final é promover a intensificação produtiva da área”, ressaltou o pesquisador.
Segundo ele, as entrelinhas dos pomares, apesar de ociosas, acabam dando trabalho ao agricultor. “Nos anos iniciais após a implantação das fruteiras, o produtor tem que se preocupar bastante com o controle de plantas daninhas, depois de já ter se dedicado às operações de preparo e correção do solo, com investimento de tempo e dinheiro. Além disso, existe a disponibilidade de luz e água para que se promovam cultivos simultâneos”, defendeu. Além de grãos e hortaliças, outras fruteiras também podem ser cultivadas na entrelinha das fruteiras, como o abacaxi plantado nas entrelinhas de graviola e acerola.
“Essa tecnologia tem tudo a ver com o momento atual da agricultura, que busca maior eficiência e rentabilidade por meio da integração, intensificação sustentável e diversificação”, afirmou o chefe da Embrapa Cerrados, Claudio Karia, durante o lançamento da tecnologia. “Com a implantação do sistema, o agricultor consegue girar mais rapidamente a roda financeira da sua exploração agrícola e produzir alimentos de maneira mais contínua. Por exemplo, o cultivo de feijão pode render a primeira colheita em torno de 90 dias após a implantação das fruteiras”, afirmou Graciolli. Assim, com a venda desse feijão, o produtor poderá amortizar mais rapidamente o investimento financeiro aplicado na fruticultura e reduzir o risco inerente às atividades agrícolas.
Durante o lançamento, o pesquisador Tadeu Graciolli apresentou alguns resultados obtidos nesses anos de pesquisa. Em um deles comparou-se as produtividades de cultivares de feijão plantadas no meio de um bananal com as obtidas em uma área ao lado, no mesmo solo, mas fora do plantio da banana. “O cultivo do feijão, na entrelinha da banana, rendeu apenas 6% a menos do que o cultivo de feijão solteiro”. Mas, ele contou que costuma fazer uma leitura um pouco diferente. “Na realidade, obtivemos uma colheita de feijão em uma área que não teria colheita de nenhum produto além da banana, que só seria iniciada quase um ano mais tarde”, ressaltou. No entanto, ele faz uma ressalva. “Não estamos aqui dizendo que é melhor plantar hortaliças ou grãos no meio da fruteira, em comparação com o cultivo solteiro. Essa é apenas uma opção para se aproveitar o espaço disponível nas explorações com fruteiras”, enfatizou.
As pesquisas para o desenvolvimento e aperfeiçoamento do Sistema Filho foram conduzidas pela Embrapa Cerrados, em parceria com Embrapa Hortaliças. “As nossas visões diferenciadas acabaram se complementando”, afirmou o pesquisador da Embrapa Hortaliças, Nuno Madeira. Um dos pontos de destaque do Sistema, segundo ele, quando o assunto são as hortaliças, é a melhoria no ambiente de cultivo proporcionada pelas fruteiras. “Algumas espécies de hortaliças têm exigências climáticas muito específicas, como por exemplo a mandioquinha salsa que necessita de temperaturas mais amenas para o seu cultivo. Nesses casos, já recomendamos fazer, de qualquer forma, uma meia sombra para poder cultivá-las. Então, a sombra das fruteiras é mais do que bem-vinda”. Segundo o pesquisador da Embrapa Hortaliças, outras culturas olerícolas também exigem um clima mais ameno para seu cultivo. “É o caso da taioba, por exemplo. Na sombra ela produz durante o ano todo. Já em sol pleno, apenas de novembro a abril”, relatou.
Irrigação – de acordo com o pesquisador Tadeu Graciolli a irrigação é um componente chave no Sistema Filho. “Sem irrigação não se produz com alta produtividade. Banana, por exemplo, não tem como produzir sem irrigação, já que se trata de uma cultura muito exigente em água”. Segundo ele, na área implantada na vitrine da Agrobrasília utilizando as bases do Sistema colhe-se banana o ano todo. “Essa área está com três anos e meio, ela já está no quarto ciclo de cultivo anual e este ano já temos outras frutas em ponto de colheita para mostrar”, comemorou. Os cultivos de fruteiras integradas com lavouras e hortaliças ocupam uma área de 600 metros quadrados na vitrine da Embrapa na Agrobrasília.
Graciolli defendeu, inclusive, que a banana, ao lado da mandioca, são culturas que o pequeno produtor não pode deixar de ter em sua propriedade. “A banana é a vaca de leite da pequena propriedade rural. Com o cultivo da banana, o produtor tem uma movimentação de caixa semanal”, afirmou. Outro resultado importante já obtido pela pesquisa é que as fruteiras cultivadas nesse sistema requerem menos fertilizantes a partir do terceiro ano de cultivo. “As adubações realizadas nos cultivos de grãos e hortaliças resultam em aumento na fertilidade do solo das entrelinhas, possibilitando a redução das quantidades de fertilizantes para a adubação das fruteiras, colaborando para a redução de custos e aumento na eficiência do sistema como um todo”.
O pesquisador destacou, ainda, a viabilidade agronômica e operacional do Sistema. “A sequência de safras em sucessão é um diferencial importante, pois permite ao agricultor fazer a intensificação produtiva da área. E é importante destacar que quanto menor a área, mais eficiente ela tem que ser”, enfatizou Graciolli. Segundo ele, o Sistema tem aptidão para o Brasil inteiro, contando que se façam as devidas adaptações aos sistemas de produção locais já consolidados, considerando sempre clima, solo e culturas agrícolas para atender as demandas destes mercados.
O Sistema Filho já foi validado em áreas de produtor. Foi o caso, por exemplo, de alguns produtores rurais de Unaí (MG). “Eram produtores que tinham sérios problemas de fluxo de caixa. Faziam agricultura de baixa eficiência. Depois de implantarem gradativamente o sistema em suas propriedades e adquirem segurança para trabalhar com irrigação, conseguiram aumentar o lucro em mais de 200%. Eles passaram a ter uma oferta muito maior de produtos e ficaram bastante satisfeitos. Deixaram de ser vendedores de mão-de-obra e se tornaram microempreendedores”, relatou Graciolli. A expectativa é de que, a partir de agora, essas experiências exitosas possam ser replicadas e os benefícios do sistema alcancem cada vez mais pessoas.
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