Progressão do biodiesel: mistura B8 é lei para 2017
Mais
de 72 mil famílias estão vinculadas ao Selo Combustível Social e
fornecem matérias-primas para a produção do biodiesel nacional
O
setor de biodiesel ganhou impulso para aumentar a sua produção no país
depois do Governo Federal estabelecer, pela lei nº 9.478, que o
percentual de adição ao diesel comum deve crescer de 7% para 8% em 2017.
Ou seja, o Brasil passará a produzir e comercializar o B8, nome dado de
acordo com o percentual da mistura.
A
medida, publicada no inicio deste mês no Diário Oficial da União, deve
beneficiar diretamente agricultores familiares que fornecem
matérias-primas às empresas produtoras, em especial aqueles vinculados
ao Selo do Combustível Social, uma ação do Programa Nacional de Produção
e Uso de Biodiesel (PNPB) que garante a compra do que é produzido.
Segundo
o coordenador de Agroecologia e Energias Renováveis da Secretaria
Especial de Agricultura Familiar e Desenvolvimento Agrário (Sead), André
Martins, 72.485 famílias estão vinculadas ao Selo e fornecem
matérias-primas a 37 usinas que garantem o atendimento com exclusividade
à 80% da demanda do mercado de biodiesel a partir de leilões, uma das
vantagens aos associados.
“Essa ação
representa um aumento de 14% na demanda de produção de biodiesel para o
setor e tem um impacto muito positivo em toda a cadeia. A perspectiva é
que só em 2017, o consumo seja 4,2 bilhões de litros, mas que aumente
com o passar dos anos, até porque na mesma medida já está estabelecido
que em 2018, o Brasil passe a produzir o B9, e em 2019 o B10. Esse
número sobe 1% a cada ano até 2019 e, pelo plano, chegará em 2020 com o
B15. É uma chance para investirmos na diversificação das matérias-primas
e para que mais agricultores possam ser associados ao selo”, explica
Martins.
Em 2016, a produção nacional
de biodiesel chegou a aproximadamente 3,8 bilhões de litros. A soja é
atualmente a principal matéria-prima do produto no país, com grande
representatividade na região Sul. Em outras localidades, óleos de
plantas nativas como a macaúba, copaíba, palma e coco seco têm se
destacado e promovido a inclusão de mais famílias de agricultores no
processo de produção. Além disso, as gorduras de aves, bovinos, suínos e
até mesmo de peixes também têm gerado renda para produtores
principalmente no Norte e Nordeste do país, onde a diversificação das
matérias-primas é maior.
Biodiesel
O
biodiesel é um tipo de combustível produzido a partir de fontes
renováveis e utilizado de forma pura ou misturada ao diesel fóssil em
motores automotivos (caminhões, tratores, camionetas, automóveis) ou
estacionários (geradores de eletricidade, calor). Os percentuais de
adição variam e denominam as misturas existentes. O B8, por exemplo,
indica que 8% de biodiesel foi adicionado ao diesel comum. Assim
acontece com todos os números até chegar ao B100, que representa o
biodiesel puro.
Com o uso desse
combustível, a redução da poluição emitida por automóveis pode chegar a
70% das emissões de gás carbônico se comparada ao diesel comum. O que
contribui também para a diminuição de doenças respiratórias ligadas à
poluição do ar.
O diretor
superintendente da União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene
(Ubrabio), Donizete Tokarski, reforça que as vantagens ambientais do
produto se somam às econômicas e sociais. “A produção de biodiesel
envolve a agricultura familiar, então promove inclusão e gera emprego e
renda para milhares de pessoas. Além disso, ela também é um fator
favorável para a balança comercial brasileira, pois nós deixamos de
comprar diesel e petróleo de fora”, explica o diretor.
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