Novas raças ganham mais desempenho quando são originadas de cruza sanguíneo distantes
O fenômeno natural da heterose ou vigor híbrido mostrou, de acordo com uma pesquisa realizada por cientistas da Embrapa e do National Center For Genetic Resourcesm Preservation do Agricultural Research Serviço ( ARS), dos Estados Unidos, que quanto maior é a distância genética entre as raças, melhor é a qualidade dos animais obtidos em cruzamentos. Já os animais com muita proximidade sanguínea têm desempenho inferior em relação ao peso da carcaça, produção de leite, resistência às doenças e às adversidades do meio ambiente.Entre os bovinos, a pesquisa confirmou que distância e variabilidade genética são maiores entre as raças Curraleiro Pé-Duro e Nelore. O estudo revelou também que o curraleiro pé-duro foi o que ficou mais próximo da raça Caracu, seguido das norte-americanas e das de origem francesa. Três fatores naturais, segundo o pesquisador Geraldo Magela Côrtes Carvalho, da Embrapa Meio-Norte (PI), que representou o Brasil no estudo, atuam para ampliar a variabilidade genética: a mutação, a deriva genética e a migração.
Carvalho explica que as mutações, também chamadas de deriva genética, podem ocorrer quando duas populações são separadas por um longo período de tempo e contribuem para a diversidade dentro das raças. De acordo com o especialista, o isolamento de populações é consequência do uso local e do manejo da raça e reduz o tamanho efetivo do rebanho. “O grau de diferenciação entre as raças estudadas revelou baixo fluxo de genes entre as populações brasileiras analisadas, o que indica isolamento reprodutivo, diferente do encontrado nas raças norte-americanas, que apresentaram pouca diferenciação entre os bovinos de corte”, compara.
Ele garante que a distância e a variabilidade genética são fatores determinantes para a boa qualidade de um rebanho. A pesquisa revelou também que a variabilidade é maior entre os indivíduos do que entre as raças. Entre os indivíduos, a variabilidade chega a 75%. Entre as raças, principalmente as norte-americanas para corte, não passa de 25%.
O trabalho, conduzido por dois anos na sede do ARS, em Fort Collins, no Colorado, usou 19 raças bovinas: quatro brasileiras e 15 norte-americanas. Para chegar a esse resultado, os cientistas fizeram genotipagem em populações distintas de bovinos dos grupamentos nelore, gir (Bos indicus) caracu e curraleiro pé-duro (Bos taurus), todos brasileiros. As raças norte-americanas estudadas são de origem espanhola, francesa, britânica e da remota Ilha Chirikof, no Alasca.
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