Assentados potiguares adquirem tratores e implementos com royalties do petróleo
As 76 famílias do assentamento
Casqueira, no município de Areia Branca, no litoral do Rio Grande do
Norte, receberam, no final da semana passada, tratores e implementos
agrícolas adquiridos com royalties da exploração de petróleo e gás pagos
pela Petrobras. Foram investidos R$ 276 mil na aquisição de dois kits
contendo, cada um, um trator, uma grade aradora de 14 discos e uma grade
aradora de 28 discos, que vão promover a mecanização da agricultura
familiar como estratégia de inclusão produtiva, de organização das
famílias e de geração de renda.
Distante aproximadamente 330 quilômetros
da capital do estado, Natal, Casqueira possui em torno de 40 poços
petrolíferos espalhados em seus cerca de 1,9 mil hectares. Desde o
início da década de 1990 até a titulação definitiva das famílias do
assentamento, em dezembro de 2009, a participação de exploração de
petróleo e gás pela Petrobras chegou a R$ 5,5 milhões, que estão
depositados em uma conta judicial e começaram a ser investidos em
projetos coletivos definidos pelos assentados com a supervisão do Incra.
As entregas das máquinas aconteceram na
tarde da quinta-feira (9) e na manhã da sexta-feira (10), nas sedes das
duas agrovilas do assentamento Casqueira e foram acompanhadas pelo
superintendente do Incra no Rio Grande do Norte (Incra/RN), José
Leonardo Guedes Bezerra, pela superintendente substituta, Leilianne
Duarte Gurgel D’Ávila, e por técnicos da autarquia.
O Incra deve replicar a experiência do
assentamento Casqueira em outros 13 assentamentos do Rio Grande do Norte
que produzem petróleo e aplicar os royalties da Petrobras em projetos
coletivos definidos em conjunto com as famílias assentadas.
Investimentos
Com os royalties da exploração do
petróleo e gás, as famílias de Casqueira quitaram seus títulos
definitivos e estão saldando dívidas junto ao Banco do Brasil e ao Banco
do Nordeste.
Os royalties devem ser empregados,
ainda, na construção de uma adutora, na reforma e construção de casas,
em projetos agronômicos coletivos, na construção de uma agroindústria,
na quitação de dívidas do Programa Nacional de Fortalecimento da
Agricultura Familiar (Pronaf), na construção de galpões e na recuperação
do perímetro e da casa-sede do assentamento.
As famílias do assentamento Casqueira
estão instaladas em duas agrovilas e vivem principalmente da produção de
frutas, como a melancia, a cajarana, a manga, a acerola e o caju.
Recursos
Um acordo entre a autarquia e as
famílias assentadas em Casqueira, homologado pela Justiça Federal em
janeiro de 2016, pôs fim ao impasse gerado pela existência de várias
ações na Justiça Federal reclamando o direito de recebimento dos
recursos resultantes da exploração de petróleo. Com o acordo, as ações
foram encerradas e os recursos, da ordem de R$ 5,5 milhões, foram
desbloqueados para a utilização em projetos coletivos na comunidade,
conforme plano de aplicação construído pelas famílias com a supervisão
do Incra.
Os recursos da participação na
exploração de petróleo e gás no período pós-titulação, a partir de 2010,
foram divididos em partes iguais entre as 76 famílias do assentamento
Casqueira, que receberam, em abril de 2016, aproximadamente R$ 23 mil
cada uma, mais R$ 4,5 mil relativos à servidão das áreas onde foram
instalados os poços. A partir de então, os repasses passaram a ser
mensais e divididos igualmente entre todas as famílias.
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