Pronaf Semiárido e FNE Rural financiam perfuração de poços no CE
Nos últimos cinco anos, as chuvas abaixo da média obrigaram os produtores rurais a perfurar poços em busca de água no subsolo
Em
meio à crise hídrica que castiga o sertão cearense e a incerteza de um
bom inverno, o ano começa com o anúncio de linhas de financiamento para
perfuração de poços profundos e rasos. Os recursos, em torno de R$ 90
mi, são do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE) nas
modalidades Pronaf Semiárido e FNE Rural, operacionalizados pelo Banco
do Nordeste (BNB).
Até o fim deste
mês, os técnicos de escritórios e de postos avançados da Empresa
de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará (Ematerce) no Interior
vão fazer levantamento das demandas apresentadas pelos produtores
rurais. A ideia é atender pequenos e médios produtores.
O
programa ocorre em parceria entre a Ematerce, a Federação dos
Trabalhadores Rurais e Agricultores Familiares (Fetraece), Federação dos
Agricultores do Estado do Ceará (Faec) e o BNB. "Nos dispomos a fazer o
levantamento das demandas para repassar para o Banco", disse o diretor
técnico da Ematerce, Itamar Lemos.
Serão
coletadas informações acerca do tipo de poço (raso ou profundo), tipo
de energia elétrica (monofásica ou trifásica), localidade da propriedade
com ponto de GPS. "Espero que em fevereiro próximo o Banco já comece a
operacionalizar os financiamentos porque o quadro atual é de
emergência", frisou. "Tenho percebido esforço e boa vontade
da superintendência regional e espero que as agências no Interior tenham
estrutura adequada de atendimento à demanda", completou.
Para
perfuração de poços rasos serão liberados até R$ 15 mil e os projetos
serão elaborados pelo corpo técnico do programa de microcrédito
Agroamigo do BNB. Para a linha Pronaf Semiárido serão liberados até R$
20 mil e os projetos serão elaborados por técnicos da Ematerce. O prazo é
de dez anos para pagamento, com três de carência e taxa de juros de
2,5% ao ano. Há dispensa de garantias reais. Acima de R$ 20 mil, por
meio do FNE Rural para os médios e grandes produtores, a taxa de juros
varia entre 7,65% e 10% ao ano. Há exigência de garantia real (hipoteca)
e bônus de adimplência de 15% sobre a taxa. O prazo de pagamento é de
12 anos, com quatro de carência.
Mediante
o quadro de emergência que o sertão enfrenta, com falta de água para o
rebanho e irrigação de pequenas áreas de capineira e outras culturas,
houve o entendimento para a dispensa de licenciamento ambiental por
parte da Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace).
Nos
últimos cinco anos, as chuvas abaixo da média provocaram queda drástica
das reservas hídricas. A realidade obrigou os produtores rurais a
perfurar poços profundos em busca de água no subsolo. Milhares já foram
instalados por conta própria e outros por meio da Superintendência de
Obras Hidráulicas (Sohidra) para abastecimento de comunidades rurais e
cidades.
Empresas de outros Estados
se instalaram no Ceará e passaram a atender a demanda por poço profundo.
"O Ceará vem aprendendo com a escassez de água. Apesar
das dificuldades, há água no subsolo que precisa ser localizada a partir
do uso de tecnologia moderna", observou Itamar Lemos.
Em
vários municípios, produtores rurais perfuraram poços e passaram a
fazer irrigação para atender demanda própria de alimentação do gado e
abastecimento do mercado regional. Em Salitre, por exemplo, água foi
localizada a partir de 130 metros de profundidade. "Precisamos sair dos
conceitos anteriores", observou Lemos.
O
presidente do Sindicato Rural de Quixeramobim, Cirilo Vidal, disse que o
financiamento para perfuração de poço profundo é uma medida esperada e
necessária. "Já deveria ter ocorrido há mais tempo", frisou. A partir da
renegociação dos débitos entre os agricultores e o BNB haverá
possibilidade de retomada de novos empréstimos rurais. "O Ceará precisa
de um estudo geológico amplo, pelo governo, para indicação de áreas
adequadas de perfuração de poços profundos", defendeu Vidal.
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