Instituições criam a Rede de Inovação na Ovinocultura
De acordo com o pesquisador da
Embrapa Pecuária Sul Marcos Borba, a criação da rede visa mobilizar os
agentes diretamente envolvidos
Na última quinta-feira (12/01),
diferentes instituições iniciaram a formação da Rede de Inovação na
Ovinocultura, em reunião realizada na sede da Associação Brasileira de
Criadores de Ovinos (Arco), em Bagé/RS. O objetivo com a criação da rede
é unir esforços de entidades públicas e privadas, visando a
implementação de ações para o desenvolvimento da atividade e para o
apoio à organização da cadeia produtiva da ovinocultura no Rio Grande do
Sul. Participaram dessa primeira reunião representantes da Arco,
Embrapa Pecuária Sul, Emater/RS, Sebrae/RS, Secretaria Estadual de
Agricultura, APL do Alto Camaquã, Senac/RS, Universidade Positivo,
IFSul, Núcleo de Ovinocultores de Santa Vitória do Palmar, Sindicato
Rural de Mostardas e Brastexel.
De acordo com o pesquisador da Embrapa
Pecuária Sul Marcos Borba, a criação da rede visa mobilizar os agentes
diretamente envolvidos com a ovinocultura para desenvolver ações
coordenadas e cooperadas em prol da atividade. “Queremos reunir forças e
competências dessas instituições e dos produtores para definir um plano
de desenvolvimento da ovinocultura que seja implementado de forma
conjunta, com ações que levem a uma maior organização da cadeia”,
ressaltou o pesquisador. A formação da rede é também uma ação do projeto
Ovinosul, liderado pela Embrapa Pecuária Sul e que também objetiva a
organização da cadeia produtiva.
Ainda nessa primeira reunião foi
apresentado um diagnóstico do setor elaborado por diferentes
instituições no último ano. Desse diagnóstico foram levantadas 12 linhas
gerais de ação que visam o desenvolvimento da atividade, visando
eliminar os gargalos em todos os elos da cadeia. Entre as linhas de ação
que estão sendo propostas está um programa de capacitação técnica de
produtores de ovinos, uma maior aproximação entre os elos da cadeia,
ações do estado como maior fiscalização, a promoção da carne ovina, o
apoio a associação de produtores, entre outros. Esse documento será
entregue a Câmara Setorial de Proteína Animal, órgão vinculado ao
governo do estado, para subsidiar políticas públicas para o setor.
Ovinocultura em Debate
Um dia antes da reunião, na
quarta-feira, a Embrapa Pecuária Sul e a Arco promoveram a terceira
edição do Ovinocultura em Debate, dentro da programação da Agrovino, com
apoio do Sindicato e Associação Rural de Bagé e da Abaco. Entre os
palestrantes, um dos destaques foi o chef de cozinha gaúcho radicado em
São Paulo, Marcos Livi que apresentou as tendências do uso da carne
ovina na gastronomia nacional, ressaltando que o “mundo está
redescobrindo o fogo” com a intenção de evidenciar uma re-valorização
das formas tradicionais de preparo da carne. No entanto, segundo Livi,
percebe-se hoje um interesse crescente nos pratos feitos a partir de
carne de cordeiro, mas critica o fato de que o mercado está dominado por
formas de apresentação como o carré e a paleta. “Parece que a maioria
dos cozinheiros acredita que ovinos são compostos apenas por carré e
paleta”, comenta ao reforçar a ideia de que existe um grande mercado
para a carne de cordeiro, mas que ela precisa chegar ao consumidor de
outras maneiras, com cortes diferenciados e mesmo na forma processada.
“A carne gaúcha não perde para nenhuma do mundo, pela sua forma de
produção e sua qualidade. Falta um trabalho maior com o consumidor,
mostrando essas qualidades”, disse.
Outra palestrante foi a pesquisadora da
Embrapa Pecuária Sul Élen Nalério, que apresentou alguns resultados do
projeto Aproveitamento Integral da Carne Ovina (Aprovinos). Dentro do
projeto foram realizadas pesquisas para aferir a percepção de
consumidores em relação à carne ovina. Segundo alguns resultados, a
carne ovina não é mais consumida por falta de conhecimento das pessoas e
também pela forma de apresentação, geralmente em cortes grandes e
congelados. “Existem oportunidades para ampliar o consumo de corte
ovina, melhorando o acesso das pessoas e apresentando nos supermercados
cortes porcionados. Além disso, difundir que existem muitas formas de
preparar a carne, além do churrasco”. A pesquisadora apresentou ainda os
produtos processados de carne ovina desenvolvidas no projeto, como
presuntos crus e defumados, copas, patês, oveicon (bacon ovino),
mortadelas e linguiças. “São formas de agregar valor à carne ovina,
utilizando principalmente categorias animais pouco valorizadas, como de
borregos e ovelhas de descarte.
Já o presidente da Associação para o
Desenvolvimento Sustentável do Alto Camaquã (Adac), Mateus Garcia,
apresentou o trabalho que vem sendo feito com produtores de ovinos de
oito municípios. Segundo ele, a organização dos produtores possibilitou a
criação de ferramentas que estão propiciando melhorar desde a produção
animal até a comercialização. Em oito anos, a Adac criou uma marca
coletiva – Alto Camaquã – com a qual está comercializando diretamente a
carne de cordeiro. No momento, o produto está sendo vendido em feiras e
exposições, como a Expointer, a Fenadoce e Expo Alto Camauã, mas a ideia
é expandir para novos mercados a partir de parcerias com empresas
frigoríficas. “A organização dos produtores proporcionou a busca de
parcerias com instituições como a Embrapa e a Arco que estão
possibilitando que o produtor tenha mais renda e permaneça na
atividade”.
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