Recorde: estoques globais de grãos devem passar de 500 milhões de toneladas
A safra mundial de milho deve passar de 1.042 bilhão de toneladas; a de trigo, 749 milhões e a de soja, 336 milhões
Os estoques de grãos em todo o mundo
devem bater recorde, impulsionado pelas safras de milho, soja e trigo,
durante o ciclo agrícola 2016/17. A soma de outros cereais – tais como
cevada e sorgo – pode reforçar o bom momento do setor, previsto para
fechar o período com 504 milhões de toneladas estocadas, pela primeira
vez, passando a marca de 500 milhões. As perspectivas foram divulgadas
pelo Conselho Internacional de Grãos (IGC, sigla em inglês), no último
dia 24 de novembro.
Como o ciclo vigente da agricultura se
encerra somente na metade do ano que vem, se não acontecer nenhum
imprevisto, principalmente relacionado ao clima, o órgão prevê que a
produção total de grãos em todo o planeta possa chegar a um volume
recorde de 2.084 bilhões de toneladas, acima do anterior (2014/15),
quando alcançou 2.048 bilhões.
Ainda segundo o Conselho, a safra
mundial de milho deve passar de 1.042 bilhão de toneladas; a de trigo,
749 milhões e a de soja, 336 milhões. Essa é a sétima vez que o IGC
eleva suas estimativas para as safras, estoques e consumo de grãos, em
apenas oito meses.
OUTROS DADOS
O órgão internacional também incrementou
sua previsão para o consumo mundial de grãos, no período de 2016/17,
podendo chegar a 2.056 bilhões de toneladas, impulsionado por um
processo industrial mais acelerado nos Estados Unidos. Já a perspectiva
para o comércio global deve alcançar a soma de 338 milhões de toneladas,
um número ainda abaixo em relação às 344 milhões de toneladas
negociadas no ciclo agrícola anterior.
Conforme o IGC, um dos cenários mais
favoráveis para o setor de grãos envolve a safra global de trigo,
prevista em 749 milhões de toneladas. Segundo o Conselho, a vantagem é
que a produção desse cereal crescerá bastante, fazendo um contraponto à
estagnação da área de plantio, que deve permanecer praticamente a mesma,
ao longo desse período, com apenas algumas reduções nos EUA e
Cazaquistão. A compensação para o desempenho mundial deve vir a partir
do aumento das áreas colhidas de trigo na Rússia e norte da África.
“O plantio de trigo de inverno no
Hemisfério Norte está bem avançado em novembro… As condições das
culturas foram consideradas favoráveis em relação ao inverno”, avalia o
Conselho, por meio de relatório.
ESTIMATIVAS PARA O BRASIL
Vice-presidente da Sociedade Nacional de
Agricultura (SNA), Hélio Sirimarco diz que também é relevante ressaltar
as últimas estimativas feitas pela USDA (United States Department of Agriculture) para as
safras de soja e de milho, que estão na fase final da colheita nos EUA.
Tanto o IGC quanto o USDA estimam recorde para ambos os grãos: soja,
118.69 milhões de toneladas e milho, 386.76 milhões.
“A produção de grãos dos EUA, incluindo aí o trigo, tem um impacto direto nos números mundiais”, salienta.
De acordo com Sirimarco, “no Brasil, o
plantio da safra de verão está adiantado em relação aos anos anteriores,
principalmente porque, em 2016, as alterações climáticas não foram tão
impactantes como as do ano passado”.
Dados da AGRural para o Brasil, também
citados pelo vice-presidente da SNA, apontam que o plantio da soja já
alcançou 83% da área estimada: “As previsões indicam que as condições
climáticas para as safras de verão, apesar do La Niña, deverão ser
favoráveis”.
Outras estimativas, desta vez da
Companhia Nacional de Agricultura (Conab), apontam que a safra
brasileira de grãos 2016/17, conforme seu último relatório (publicado em
novembro), deve variar entre 210.9 milhões e 215.1 milhões de
toneladas.
“Também será um recorde para nosso
país”, observa Sirimarco, acrescentando que isso pode representar um
aumento de até 15,6% em relação à safra de 2015/16, que foi de 186.1
milhões de toneladas.
“A safra de soja poderá atingir 103.5
milhões de toneladas, um aumento de 8,5%. Com relação à safra de verão
de milho (a safrinha), cujo planto já terminou, a estimativa da Conab é a
de que teremos uma produção de 27.1 milhões a 28.6 milhões de toneladas
(alta de 4,75% a 10,4% em relação à safra anterior).”
Agrolink
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