Novas variedades de cana aumentam produtividade e lucro nos canaviais
Entre produtividade de biomassa e
teor de sacarose, as novas variedades de cana-de-açúcar estão produzindo
mais que as usadas antigamente e esses ganhos podem aumentar se os
produtores explorarem o potencial desses materiais, associando-os aos
ambientes de produção adequados. No Brasil, 65% da área cultivada de
cana usa variedades RB, o equivalente a 5,6 milhões de hectares de cana,
dos 8,6 milhões existentes, atualmente, no país. No Nordeste, as
variedades RB 867515 e RB 92579 são as que têm mais presença, no
entanto, está última não é adequada para utilização em áreas de
sequeiro. Esses foram alguns dos dados apresentados durante o II
Encontro Técnico sobre variedades de cana, promovido pela Associação dos
Plantadores de Cana da Paraíba (Asplan). O evento, que aconteceu no
auditório da Associação, reuniu especialistas da RIDESA/UFRPE e de
usinas paraibanas, além de produtores de várias regiões do estado.
Com 94 variedades liberadas para cultivo
no Brasil, o país é um grande produtor e vem melhorando sua
produtividade graças às variedades modernas que são desenvolvidas com
foco em regiões e períodos de safra específicos. “Isso significa que
cada variedade tem seu desempenho ampliado se cultivada nas condições de
solo e clima e para o período para as quais foi melhorada”, explicou o
consultor Djalma Euzébio Neto, da RIDESA.
O presidente da Asplan, Murilo Paraíso,
abriu os trabalhos agradecendo a presença dos produtores e expositores
do Encontro e falando sobre a importância do tema. “Todos os estudos de
variedade de cana comprovam que a escolha do que será plantado é
fundamental para uma boa produção, daí a importância da variedade da
cana, associada às condições adequadas de plantio. O aumento da produção
reflete na viabilidade econômica do negócio e isso tem relação direta
com o uso de novas variedades”, lembrou Murilo.
A primeira palestra do Encontro foi
feita por Amaro Silva, da RIDESA/UFRPE, sobre “Principais resultados
experimentais do PMGCA-RIDESA”, que mostrou resultados experimentais, na
safra 2015/16, feitos em propriedades de vários estados do Nordeste,
que atestam a eficácia do uso de variedades específicas, a exemplo da RB
041443, RB 92579, RB 931011 e RB 002754. Em seguida, Leonam José, da
RIDESA/UFRPE, falou sobre “Censo variental e indicadores da safra
2015/2016” que apontaram as variedades RB 92579 e RB 867515 como as mais
utilizadas no plantio de inverno 2015 nos estados da Paraíba e Rio
Grande do Norte.
O
terceiro tema do Encontro foi “Estação de hibridação Devaneio” abordado
por Luiz José Tavares de Melo, da RIDESA/UFRPE que falou sobre novas
variedades de cana-de-açúcar e sua relação com o incremento na
produtividade e qualidade da agroindústria canavieira. Ele mostrou ainda
um slide com o detalhamento de todas as etapas do processo laborioso
para lançamento de uma nova variedade, destacando a seriedade dos
estudos que levam, em média, de 12 a 15 anos.
Em seguida, os agrônomos das usinas
Miriri, Carlos Henrique Farias, da Japungu, Alexandre Maciel e da Monte
Alegre, Hugo Rodrigues, mostraram resultados de produtividade, a partir
do manejo de variedades RB em suas unidades. Para encerrar a
programação, o consultor Djalma Euzébio Neto, mediou um debate sobre o
tema abordado pelos representantes das três indústrias presentes.
O vice-presidente da Asplan, Raimundo
Nonato, fez uma intervenção parabenizando a exposição dos palestrantes,
enaltecendo a importância dos investimentos em pesquisas de novas
variedades e lamentou a ausência das outras unidades industriais do
estado. “Os investimentos em novas variedades são importantes, pois
possibilitam o desenvolvimento de tecnologias que beneficiam o setor,
principalmente, no tocante ao aumento da produtividade. Os estudos
apresentados hoje demonstram claramente um ganho significativo no ATR,
na biomassa e em outros aspectos. Investimentos em pesquisa de cana
sempre serão bem-vindos, pois eles ajudam a melhorar a produtividade e,
consequentemente, o lucro”, disse Nonato.
O coordenador do Departamento Técnico da
Asplan (DETEC), Vamberto Rocha, avaliou como positivo o encontro e já
anunciou a realização do III evento, em 2017. “Foram apresentações de
alto nível, com dados que comprovam a eficácia da escolha da variedades
mais promissora, num ambiente adequado, que trouxeram informações de
nosso interesse para nos ajudar a melhorar nossa cultura e
produtividade”, destacou Vamberto, anunciando que ano que vem haverá
novo encontro sobre variedades. “Esse é um tema importante e que está
sempre se atualizando”, finalizou Vamberto.
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