terça-feira, 15 de novembro de 2016

Controle das parasitoses gastrintestinais em ovinos e
caprinos na região semiárida do Nordeste do Brasil


PERSPECTIVAS PARA O CONTROLE NO
NORDESTE
Atualmente o controle estratégico mais utilizado no semiá-
rido consiste em medicar o rebanho quando as condições
climáticas da região são desfavoráveis ao desenvolvimen-
to e sobrevivência dos estágios de vida livre no ambiente.
Para isso realiza-se a aplicação de vermífugos quatro ve-
zes por ano. A primeira medicação do ano em julho ou agosto,
no início da seca, a segunda, aproximadamente 60 dias
após, a terceira, em novembro (final da seca) e a última em
março (meados do período de chuvas) (Vieira et al. 1997).
Além disso, medicações anti-helmínticas adicionais (táti-
cas) são recomendadas em determinadas circunstâncias,
como por exemplo, em rebanhos que utilizam estação de
monta, uma medicação deve ser feita antes do início da
cobertura ou inseminação artificial e outra 30 dias antes do
início do período de parição. Esta última deve ser efetuada
com produtos que atuem sobre nematódeos adultos e lar-
vas hipobióticas (Vieira 2008). No entanto, esses tratamen-
tos estratégicos aumentam os problemas de resistência anti-
helmíntica (RA), já que favorecem a sobrevivência de para-
sitas resistentes no animal, enquanto desaparecem os pa-
rasitas sensíveis em refugia (Torres-Acosta & Hoste 2008,
Vieira 2008, Costa et al. 2009) e, apesar de proporcionar
excelentes resultados no curto prazo, quando utilizadas por
período prolongado (mais de 5 anos) toda a população de
parasitas, pode se tornar resistente (Vieira 2008).
Além dos tratamentos preventivos, a RA também é
favorecida pela prática bastante difundida de tratar os ani-
mais e posteriormente colocá-los em campos livres de
parasitas. Nestas condições somente os parasitos resis-
tentes que sobreviveram ao tratamento, vão contaminar o
meio ambiente. Outro aspecto importante que deve ser
levado em consideração é a maior susceptibilidade dos
caprinos e a necessidade de se empregar, nesta espécie,
doses maiores com a maioria dos anti-helmínticos (Tor-
res-Acosta & Hoste 2008, Costa et al. 2009).
Diante da real possibilidade de aumentar a RA, apesar
de esse esquema ser eficiente ainda na maioria das fazen-
das, é urgente mudar o mesmo, substituindo-o por outro
sistema que favoreça a sobrevivência de helmintos não re-
sistentes na refugia. Alternativamente a este método po-
dem ser implementados métodos de tratamento seletivo,
que tratem só os animais mais parasitados, ou tratar ani-
mais de diferentes idades, com diferente grau de parasitis-
mo, em épocas diferentes. Um desses métodos é o
“Famacha”, que já está sendo utilizado no Nordeste (Reis
2004, Vieira 2008), e que permite tratar somente os animais
mais parasitados, além de permitir a seleção dos animais
resistentes. No entanto, a aplicação do Método Famacha
no Nordeste tem restrições, principalmente no referente ao
treinamento dos produtores para aplicar o método. Outra
restrição é a aplicação do método em caprinos e ovinos,
que exige interpretações diferentes (Reis 2004).
Uma outra forma de identificar os animais mais parasi-
tados é pela observação dos sinais clínicos em alguns
animais, que pode ser feita por produtores experientes. A
principal limitante para a utilização deste método é a pos-
sibilidade de confundir os sinais de parasitose gastrintesti-
nal com outras doenças ou com subnutrição. Uma alterna-
tiva que vem sendo testada é a de realizar contagem de
ovos por grama de fezes (OPG) dos animais e somente
tratar quando esta passar de certo número (500 ou 1000
OPG, por exemplo) (Valéria M.M. Costa 2008, dados não
publicados). Neste caso são realizados exames a cada
dois meses durante a seca e mensalmente durante as
chuvas. Resultados de trabalhos recentes demonstraram
que não são necessários mais do que 2 ou 3 tratamentos
durante a época das chuvas para evitar parasitoses clíni-
cas (Valéria M.M. Costa 2008, dados não publicados). Este
esquema, como inicia os tratamentos após o inicio da con-
taminação das pastagens, mesmo tratando todos os ani-
mais do rebanho, permite a sobrevivência de estirpes de
parasitas suscetíveis aos anti-helmínticos na refugia.
Uma boa possibilidade no semiárido é a utilização de
áreas de caatinga, que pela presença de forrageiras nati-
vas arbóreas ou arbustivas e a utilização de menores lota-
ções, diminuem as possibilidades de infecção parasitária.
O cultivo de forrageiras arbustivas para o ramoneio, princi-
palmente como banco de proteínas, como a sabiá. 

Gliricidia sepium
 também é uma boa alternati-
va para a diminuição da contaminação ambiental por para-
sitas. Uma forma de eliminar totalmente a infecção parasi-
tária é o confinamento, que no semiárido pode ser adotado
utilizando diversas forrageiras adequadas para corte, como
concentrado, ou para a produção de silagem ou feno, já
largamente utilizado na região, como a palma, a algaroba, maniçoba,leucena, feijão bravo, melancia, capim elefante, cana de açucar, sorgo e outras gramíneas.



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