sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Incra e UFRN graduam primeira turma de Tecnologia em Gestão de Cooperativas



Em solenidade realizada no auditório da reitoria da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), em Natal, dia 30 de agosto, foram graduados 46 alunos da primeira turma do curso superior de Tecnologia em Gestão de Cooperativas, promovido pela instituição de ensino em parceria com o Incra.
A graduação, que beneficiou agricultores assentados e filhos de assentados de distintas áreas de reforma agrária no estado, além de educadores que atuam nessas comunidades, conquistou, em maio de 2015, a nota máxima (cinco) do Conceito Preliminar de Curso (CPC), indicador do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão avaliador do Ministério da Educação (MEC).
Participaram da solenidade de colação de grau a superintendente substituta do Incra/RN, Leilianne Duarte Gurgel D’Avila, o assegurador do Pronera no estado, Augusto Carlos Avelino Teixeira de Carvalho, representantes da UFRN, integrantes de movimentos sociais do campo e familiares dos formandos.
O formando Jeremias Oliveira dos Santos, do assentamento Dom Pedro II, no município de Boa Saúde, a cerca de 80 quilômetros de Natal, explicou que o curso prepara tecnólogos para atuarem na área do associativismo e do cooperativismo, com foco no desenvolvimento da agricultura familiar e na promoção de melhoria de vida das famílias assentadas.

Formação
Com carga horária de 1.900 horas, a graduação em Tecnologia em Gestão de Cooperativas teve três anos de duração e recebeu investimento do Incra, por meio do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera), de aproximadamente R$ 900 mil.
As aulas da primeira turma, iniciadas em 2013, aconteceram no Centro de Treinamento da Emater/RN (Centern), no município de São José de Mipibu, na região metropolitana de Natal, e ainda no Campus da UFRN na capital potiguar.
A metodologia baseou-se na Pedagogia da Alternância, com a carga horária dividida no chamado tempo escola, com aulas presenciais durante uma semana por mês, e o tempo comunidade, com aulas práticas nas comunidades onde vivem os alunos. Durante o tempo escola, a turma permaneceu em regime de internato no Centro de Treinamento da Emater/RN, com direito a refeições e acomodações, assistindo aulas diárias das 7h30 às 17h30, de segunda a sexta-feira, e aos sábados, das 7h às 12h, no Campus da UFRN.

Comprometimento
Para o coordenador do curso, professor Washington Souza, graduado e mestre em Administração e doutor em Educação, o aumento do comprometimento com a reforma agrária foi uma das maiores conquistas dos alunos. “A opinião da comissão do MEC é a mesma. Houve uma mudança de postura dos alunos em relação à reforma agrária desde o início das aulas. Eles passaram a participar mais da vida de seus assentamentos e a se engajar em movimentos sociais e em espaços onde se discutem as políticas públicas”, afirmou Souza.
A nota cinco para o curso superior de Tecnologia em Gestão de Cooperativas foi definida por uma comissão interna do MEC, que analisou os dados coletados durante visita de professores designados pelo ministério ao Rio Grande do Norte. As notas dadas aos cursos superiores vão de um a cinco, onde um e dois são considerados desempenho insatisfatório; três, razoável; e quatro e cinco, bom.
“A nota cinco que obtivemos é fruto de muito esforço de todos. Temos um quadro docente e técnico que garante a qualidade que alcançamos na avaliação do Inep/MEC. O apoio do Incra igualmente deve ser reconhecido”, afirmou Souza.
Ele explicou que a avaliação do ministério levou em conta a parte legal/formal do curso (projeto pedagógico, atas de reuniões), a infraestrutura oferecida aos alunos (sala de aula, laboratórios, biblioteca, restaurante), o corpo docente (titulação, formação acadêmica e produção intelectual), bem como informações obtidas com os alunos.
Segundo Souza, foram vários os desafios enfrentados na promoção do curso. “A construção da proposta e a descentralização de recursos demandaram estudos e domínio de uma linguagem e de instrumentos até então estranhos para mim e para meus pares, a exemplo da perspectiva teórico-metodológica da pedagogia da alternância. Valeu o esforço”, disse o coordenador.
No dia 22 de agosto, foi realizada a aula inaugural da segunda turma do curso, com início previsto das atividades para o final de setembro. A abertura foi fruto, segundo ele, da qualidade dos profissionais envolvidos e dos alunos, bem como da nota máxima na avaliação do MEC. “Para termos uma ideia do que isso representa, os cursos de graduação da UFRN, sempre cotada entre as melhores instituições de ensino superior do Brasil, têm em média nota quatro. Estamos, portanto, contribuindo para que essa nota avance”, afirmou Souza.
Pronera no RN
O Pronera beneficiou, no estado, 1.116 pessoas com os cursos: Saberes da Terra (EJA), ensino normal médio, técnico (Agropecuário, Controle Ambiental e Enfermagem) e superior em Pedagogia da Terra.
Outros cursos, iniciados em 2014, estão em andamento, como de Educação de Jovens e Adultos (EJA) – Alfabetização, que é realizado em parceria com o Movimento de Educação de Base (MEB), ligado à Igreja Católica. São 60 turmas que funcionam em assentamentos da reforma agrária e acampamentos, beneficiando 1,2 mil alunos de 18 a 80 anos. As aulas da primeira etapa foram concluídas no início de 2015. A segunda etapa, equivalente aos anos iniciais do Ensino Fundamental (1º ao 5º ano), iniciada em seguida, com os mesmos alunos, recebeu investimento de aproximadamente R$ 2,9 milhões.
Também foram iniciados em 2014 os cursos de Licenciatura em Ciências Sociais e de especialização em Economia Solidária e Desenvolvimento Territorial. O curso de Licenciatura em Ciências Sociais, promovido por meio de termo de execução descentralizada com a UFRN, no valor aproximado de R$ 1,3 milhão, possui 60 alunos de vários estados nordestinos e tem quatro anos de duração.
Já a especialização em Economia Solidária e Desenvolvimento Territorial, é promovida por meio de parceria entre o Incra, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a UFRN, tem 50 alunos norte-rio-grandenses e um investimento de cerca de R$ 982 mil.
Hoje, os cursos do Pronera no Rio Grande do Norte são promovidos em conjunto com a UFRN, o MEB, o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN) e a Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN).
O Pronera atende jovens e adultos de assentamentos criados pelo Incra e ou pelo Programa Nacional de Crédito Fundiário, acampados e quilombolas cadastrados pela autarquia, professores e educadores com atuação em áreas da reforma agrária ofertando turmas de educação básica (alfabetização, ensinos fundamental e médio), técnicos profissionalizantes de nível médio e diferentes cursos superiores e de especialização.

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