Água Doce entrega três sistemas no Piauí
Paulo de Araújo/MMA
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Programa: água onde não chove
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No riacho Salgadinho, que corta a comunidade quilombola de Laranjo, não corre água há muito tempo. Naquelas paragens, o sertanejo do semiárido piauiense está há mais de cinco anos sem ver chuva. Para beber e cozinhar, só mesmo buscando nas cacimbas dos barreiros. Realidade que será transformada a partir desta sexta-feira (22/07), quando o Ministério do Meio Ambiente entrega três sistemas de dessalinização às comunidades de Laranjo, Silvino e Barra dos Pereiros, zona rural do município de Betânia (PI). Trata-se dos primeiros sistemas no estado pelo convênio do programa Água Doce, coordenado pelo MMA. Nas três localidades, serão beneficidas 120 famílias com água potável.
A cerimônia de entrega ocorrerá em Laranjo e terá a participação do governador do estado, José Wellington Barroso de Araújo Dias; do secretário de Desenvolvimento Rural, Francisco Lima; do coordenador nacional do programa Água Doce, Renato Saraiva Ferreira; do diretor-presidente do Emater, Marcus Vinícius do Amaral Oliveira; do coordenador do Água Doce do Piauí, Adalberto do Nascimento Filho, além de prefeitos e representantes das comunidades beneficiadas.
O convênio com o estado prevê, ao todo, a implantação, recuperação e gestão de 67 sistemas de dessalinização, que atenderão cerca de 26 mil pessoas. O valor do convênio firmado entre o MMA e o governo do Piauí é de R$ 13 milhões. “O estado é o responsável por sua execução. No Piauí, o órgão executor é o Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) e, posso afirmar com muita segurança, que o núcleo estadual é muito participativo, muito atuante”, ressalta o coordenador nacional, Renato Ferreira.
METODOLOGIA
Em todo o estado, foram diagnosticados 12 municípios e selecionadas 72 comunidades para a implantação dos sistemas de dessalinização. “Os diagnósticos retratam a realidade bem fiel das localidades rurais do semiárido piauiense. Esses diagnósticos são feitos com muito critério e podem orientar políticas públicas diversas”, destaca Renato.
Para viabilizar a execução do que foi pactuado, o Água Doce já capacitou, dentro da metodologia do programa, os operadores que farão o manuseio dos equipamentos e o grupo gestor em cada comunidade. Oficinas de sustentabilidade ambiental orientaram as lideranças sobre a melhor forma de lidar com os concentrados decorrentes da dessalinização.
Para a presidente da Associação de Desenvolvimento Rural Quilombola do Laranjo, a agricultora Hilda Maria Xavier de Sousa, 46 anos, a chegada do sistema de dessalinização resolverá, para a comunidade, um problema antigo. “Antes, a gente pegava água suja nas cacimbas dos barreiros. Agora, esperamos acabar com muitas doenças causadas por aquela água, como diarreia, verme e até cálculo renal. Já a água do dessalinizador é de excelente qualidade, muito boa mesmo”, comemora Hilda.
DIGNIDADE
As 46 famílias da comunidade de Silvino também recebem um sistema de dessalinização. Mas o presidente da Associação de Desenvolvimento Comunitário Rural Quilombola do lugar, Mateus Macedo de Brito, 26 anos, alerta que a vazão do poço é pequena: “A água é de muito boa qualidade, mas precisamos de um controle rigoroso pra durar muito tempo”.
Ocorre que o município de Betânia está localizado no sudeste do estado, polígono da seca. E as principais atividades econômicas da região são a agricultura, com plantio de mandioca, cana-de-açúcar e algodão; e a pecuária, caracterizada pela criação de ovinos e caprinos.
Responsável pela execução do programa no Piauí, o diretor-presidente da Emater, Marcus Vinícius Oliveira, destaca a importância da chegada do Água Doce no estado: “O uso de carro-pipa, aqui, é cotidiano e, às vezes, só chega às comunidades uma vez por semana. O Água Doce traz dignidade para essa população, que, agora, terá água de qualidade todos os dias”. Marcus Vinícius conta que o governo pretende, também, melhorar a situação produtiva das comunidades rurais.
ESTRATÉGIA
O Água Doce é uma ação do governo federal, coordenada pelo MMA em parceria com diversas instituições federais, estaduais, municipais e sociedade civil. A iniciativa estabelece política pública permanente de acesso à água de qualidade para o consumo humano, incorporando cuidados técnicos, ambientais e sociais na implantação, recuperação e gestão de sistemas de dessalinização de águas salobras e salinas.
O programa prioriza as regiões do semiárido em situação mais crítica. Lugares com os menores índices de Desenvolvimento Humano (IDH), altos percentuais de mortalidade infantil, baixos índices pluviométricos e com dificuldades de acesso aos recursos hídricos são os primeiros a serem contemplados. A estratégia considera, ainda, dados do Índice de Condição de Acesso à Água do Semiárido (ICAA), desenvolvido a partir do cruzamento desses mesmos indicadores.
Assessoria de Comunicação Social (Ascom/MMA):
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