Relembro o tempo passado
Que na memória guardei
A casa onde eu morava
A vida que eu levei
Nem tinha televisão
Mas ali, naquele chão
O melhor tempo passei.
No velho fogão a lenha
A minha mãe cozinhava
O abano atiçava o fogo
A caça na brasa assava
Com preá e avoante
Naquele tempo distante
A família se fartava.
De chafariz ou cacimba,
Meu caro amigo anote
Era a água de beber
Que se botava no pote
Ou mesmo numa quartinha
Água ficava fresquinha
Caneco tinha um magote.
No caneco de alumínio
Tinha meu nome gravado
E cada irmão tinha o seu
Mamãe tinha este cuidado
E pra não entrar caçote
Uma boina tinha o pote
Com laço bem amarrado.
Naquele velho sertão
Que vivi quando menina
Por lá se dormia cedo
Luz era só lamparina
E ainda pro meu regalo
Lá se acordava com o galo
Linda aurora nordestina.
A lembrança quando bate
Desperta minha saudade
Recordo a vida singela
E a minha felicidade
Os costumes do sertão
Que jamais se apagarão
Da minha realidade
Dalinha Catunda
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