Incra cria comissão para efetivar direito das trabalhadoras rurais
Presidente do Incra assinou
portaria de comissão que avaliará acesso de assentadas às políticas
públicas - Foto Acervo Ascom Incra
Avaliar o acesso das mulheres às políticas públicas oficiais e discutir propostas para ampliar essas conquistas estão entre os objetivos da Comissão de Trabalho criada pelo Incra para levantar, elaborar e apresentar propostas que visem a efetivação dos direitos das mulheres trabalhadoras rurais, no âmbito do Programa Nacional de Reforma Agrária (PNRA) e demais políticas públicas a cargo do autarquia. A portaria que instituiu a comissão foi assinada pela presidente do Incra, Maria Lúcia de Oliveira Falcón, durante a programação do Incra Itinerante em Sergipe, realizada de 28 a 30 de setembro. A publicação da decisão ocorreu no Diário Oficial da União (DOU) da última segunda-feira (5), por meio da Portaria nº 521, que entrou imediatamente em vigor.
No ato da assinatura, Lúcia Falcón
destacou que a iniciativa vai ao encontro de diversas demandas de
movimentos sociais de reconhecimento e busca da efetivação dos direitos
da mulher no campo. "Como a primeira mulher a ocupar a presidência do
Incra, avalio como importante a criação de uma comissão com o objetivo
de assegurar o efetivo acesso das agricultoras assentadas às políticas
públicas."
Para a coordenadora da Comissão, a
procuradora do Incra em Sergipe, Gilda Diniz dos Santos, apesar da
igualdade formal entre homem e mulher, existe uma dificuldade em
efetivar esses direitos para elas. “De diversas formas, a mulher,
principalmente no campo, sofre pressão para não exercer seus direitos.
Nos assentamentos, por exemplo, ela tem preferencia no lote em caso de
uma separação, mas acaba sofrendo todo tipo de pressão, que afeta sua
condição e moral, e acaba deixando o lote para o parceiro. Vamos estudar
maneiras desses direitos serem efetivados para elas, criando comissões
de mulheres assentadas que, quando tomarem conhecimento de situações
difíceis para as assentadas, passarão essas questões ao Incra e juntos
chegaremos à melhor solução para o problema”, explica.
A portaria estabelece o prazo de 90
dias, contados da publicação no DOU, para apresentação do resultado dos
trabalhos, na forma de relatório e eventuais propostas de mudanças
normativas.
Ações para elas
Desde 2003, no ato da inscrição dos
candidatos a beneficiário da reforma agrária é obrigatório inscrever os
nomes da mulher e do homem, independente do estado civil. As mulheres
têm também preferência na titulação da terra.
Em 2014, com a criação do Novo Crédito
Instalação, foi instituída a modalidade Fomento Mulher voltado à
implantação de projetos produtivos sob responsabilidade da mulher
titular do lote, no valor de até R$ 3 mil, em operação única, por
família assentada.
O Incra tem realizado Oficinas Regionais
de Capacitação do Sistema Nacional de Concessão e Cobrança de Créditos
de Instalação (SNCCI) nas suas superintendências regionais para que o
Fomento Mulher chegue a todos os assentamentos brasileiros. O objetivo é
capacitar os servidores para operacionalizar o crédito para as
assentadas, mobilizar profissionais extensionistas, identificar
limitações do programa e ouvir as demandas dos movimentos sociais.
Além de estimular a autonomia financeira
das mulheres assentadas, a oferta de crédito específica para elas
estimula a criação dos Quintais Produtivos, pequenas hortas cultivadas
nos quintais de casa onde se produz uma grande diversidade de alimentos,
que garantem a segurança alimentar e nutricional da família e, na
maioria das vezes gera excedente para serem comercializados.
O Incra também é parceiro na realização
dos mutirões do Programa Nacional de Documentação da Trabalhadora Rural
(PNDTR), do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), que tem por
objetivo assegurar às mulheres do campo, de forma gratuita e nas
proximidades de sua casa, a emissão de documentos civis, como Carteira
de Identidade, CPF, Carteira de Trabalho e Declaração de Aptidão ao
Pronaf (DAP), fortalecendo sua autonomia e possibilitando acesso às
políticas públicas.
Na última terça-feira (6), o Incra
firmou um Acordo de Cooperação Técnica com a Fundação Oswaldo Cruz
(Fiocruz), no Rio de Janeiro, para capacitar agricultoras no uso e
produção de plantas medicinais e fitoterápicos. Elas serão capacitadas
para atuar como agentes comunitárias de saúde, capazes de trabalhar com
fitoterápicos dentro dos assentamentos da reforma agrária. Essa foi um
das reivindicações apresentadas por elas durante a Marcha das
Margaridas, realizada em Brasília (DF) no último mês de agosto, e que a
autarquia está atendendo prontamente. Com o ato, o Incra pretende ainda a
criação de sete fábricas de produção de fitoterápicos e plantas
medicinais, sendo duas na Amazônia, duas no Nordeste, uma no Sudeste,
uma no Centro Oeste e a última no Sul.
Assessoria de Comunicação Social do Incra
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