Uma semente de trigo de sequeiro própria para plantio no Cerrado
É a cultivar de trigo BRS 404, desenvolvida pela Embrapa Trigo.A área potencial para o cultivo de trigo de sequeiro no Cerrado chega aos 2,5 milhões de hectares, contudo o trigo ocupa apenas cerca de 5% desta área, incluindo as áreas de cultivo irrigado que disputam espaço com culturas mais rentáveis.O mapa de produção do Brasil inclui mais de 153 mil hectares de trigo distribuídos nos estados de GO, MG, DF, SP, MT e MS, segundo a CONAB, onde 70 mil hectares são em sistema de sequeiro. “O maior teto de produção está no trigo irrigado, onde também está o maior custo. Mas o grande desafio do Cerrado é explorar o trigo de sequeiro, que aproveita as áreas ociosas onde não há irrigação”, esclarece o pesquisador da Embrapa Trigo, Márcio Só e Silva.
Segundo ele, há cerca de dez anos não eram lançados materiais para trigo de sequeiro, resultando, muitas vezes, no uso equivocado de cultivares indicadas para cultivo irrigado: “muitos produtores estão utilizando a cultivar BRS 264, desenvolvida para cultivo irrigado, em sistema de sequeiro. A pressão do ambiente pode resultar em maior incidência de brusone, com epidemias frequentes nos últimos anos”.
A cultivar BRS 404 se destacou nos experimentos conduzidos na região do Brasil Central mostrando melhor resposta ao ataque de brusone. Uma das explicações, além da bagagem genética, seria o ciclo da cultivar, que permite a semeadura na época das águas, com espigamento na seca, deixando a espiga menos exposta à umidade que favorece o fungo causador da brusone.
“Ainda não podemos garantir uma cultivar tolerante à brusone, mas com certeza a BRS 404 deverá sofrer menos impacto na presença do frungo”, explica o pesquisador da Embrapa Trigo, João Leodato Nunes Maciel. A cautela na avaliação levou a Embrapa a classificar a cultivar como “moderadamente suscetível” ou “MS” na descrição técnica.
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