Pecuária de corte vive fase de efervescência
Por *Sebastião Nascimento
O produtor de carne bovina está bastante satisfeito. O mesmo não vale para o consumidor, que está pagando mais pelo produto nos supermercados.
Desde o início do ano, o boi gordo subiu 10% na praça de São Paulo, segundo o Centro de Estudos Agrícolas da Fundação Getúlio Vargas. O temor é que as altas aceleradas pressionem ainda mais a inflação, que sobe devido à alimentação ficar mais cara para a dona de casa.
A inegável melhora de renda do brasileiro tem levado a um incremento no mercado interno, o que é muito bom.
Já no contexto internacional, o farol ilumina para a abertura das importações de carne in natura pelos EUA, o que é quase certo ocorrer em meados deste ano. Se os EUA derem o sinal verde, outros mercados emergentes correm atrás, como o do Japão. Facilitaria também as negociações com outros países do Nafta.
Haja carne para ser exportada. A previsão da Abiec, entidade que representa os exportadores, é comercializar cerca de US$ 8 bilhões nesta temporada de 2014, quase US$ 2 bilhões a mais do que no ano passado.
Loucura. Na Bahia, o preço da reposição já deu um salto de 25% neste ano. Garrote de 9,5 arrobas por lá está valendo R$ 1.050.
Eu fiz uma reportagem para a edição de abril da revista Globo Rural – está nas bancas - mostrando que confinamentos e boitéis estão cheios de bois. Têm analistas acreditando que até 5 milhões de cabeças podem ser fechadas este ano contra 3,3 milhões no ano passado. O número não é oficial, mas o movimento realmente é frenético nas plantas de confinamento.
A lamentar que a melhor remuneração do mercado internacional puxa o preço na mesa do consumidor brasileiro. Diferentemente do leite, cuja produção total é consumida internamente, a carne tem sua cotação balizada lá fora.
*Sebastião Nascimento, editor de Globo Rural, tem mais de 30 anos de jornalismo agropecuário. Andou por centenas de fazendas de todo o país.
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