domingo, 23 de março de 2014

Chuvas em 2014 devem diminuir prejuízos da seca prolongada no Nordeste


Hélia Scheppa/JC Imagem
Apesar de a expectativa de bons tempos, período de estiagem será longo
Apesar de a expectativa de bons tempos, período de estiagem será longo
No Dia Mundial da Água, celebrado neste sábado (22), autoridades ligadas ao campo da meteorologia esperam que em 2014 os estados do Nordeste, afetados pela estiagem, tenham o alento de um boa temporada de chuvas. "Acho que este ano a gente já começa com mais expectativa do que o ano passado. Ainda caracterizamos que continuamos na seca, porém com mais esperança", explica Cristina Nascimento, coordenadora da Articulação no Semiárido Brasileiro (ASA) pelo Ceará.
A espera por "bons tempos" está baseada, principalmente, na previsão do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) de que as chuvas até o mês de maio devem ficar dentro do considerado normal para o período nos nove estados do Nordeste. Para o chefe da Divisão de Previsão do Tempo do Inmet no Recife, Ednaldo Correia, em 2014 o problema não será a falta de chuva, mas sim a distribuição da mesma em todas as regiões.
"De acordo com os prognósticos para os meses de março, abril e maio, as regiões do Agreste, zonas da Mata e Litoral dos estados nordestinos devem receber chuvas em um nível considerado normal. Somente no Sertão de estados como Alagoas, Ceará, Piauí, Rio Grande do Norte e Pernambuco, é que a previsão desanima um pouco. Os dados mostram que as chuvas vão variar entre normal e abaixo do normal", analisa Ednaldo, que trabalha no Inmet da capital pernambucana há quase três décadas.
Apesar de a expectativa de um período de chuvas proveitoso na agricultura, com reflexos na pecuária, a coordenadora da ASA, Cristina Nascimento, alerta para o fato de que, mesmo com as precipitações que já alcançaram diversas regiões castigadas pela estiagem no Nordeste, a seca ainda não acabou. "Em todos os estados do semiárido já há uma quantidade de chuva, mas nenhum conseguiu superar esta situação", pontuou.
Segundo ela, os animais representam o grande prejuízo da seca que perdura desde o início de 2011. "Em 2013, não houve perda de produção porque não houve produção", avaliou Cristina, que apontou as ações de convivência com a estiagem, realizadas pelos governos dos estados, como o principal motivo para as pessoas ainda conseguirem viver nas áreas mais afetas com a falta de chuvas.
Já o meteorologista do Inmet Ednaldo Correia revela que entre todos os estados do Nordeste brasileiro, o que ainda deve sofrer com a falta de precipitações é Pernambuco. "O mês de janeiro foi muito ruim em várias regiões, o de fevereiro já foi um pouco melhor e isso deve se repetir em março. No entanto, para as áreas do Sertão - as mais prejudicadas - as chuvas tendem a diminuir a partir de abril. Se não se recuperou até agora não tem muito o que esperar para o fim do ano. A partir do próximo mês as chuvas se concentram do Agreste pro Litoral", contou o especialista em clima.
Enquanto as chuvas não chegam, o Nordeste convive com a realidade de que 74,2% dos 1.795 municípios da região estão em estado de emergência desde novembro de 2013, sendo o Ceará o "campeão" entre os mais castigados. Cerca de 96% das cidades cearenses estão em situação crítica. Rio Grande do Norte (95,8%), Piauí (94,1%) e Paraíba (90%) seguem no topo da lista.
ALAGOAS - O governo do Estado decretou situação de emergência, por 180 dias, em 45 municípios alagoanos devido à seca. Entre as cidades afetadas estão Água Branca, Arapiraca, Cacimbinhas, Delmiro Gouveia, Maravilha, Olho D’Água das Flores, Olho D’Água do Casado e Palmeira dos Índios. O decreto permite que sejam solicitados recursos federais para combater a seca, e entre as medidas previstas está a solicitação de verba para dar continuidade à Operação Carro-Pipa, que distribui água potável à população.
BAHIA - Pelo menos 158 municípios do semiárido baiano estão em situação de emergência. De acordo com o governo do estado, cerca de dois milhões sofrem com a estiagem. Os reservatórios da Bahia estão muito abaixo de sua capacidade e safras, como milho e feijão, foram perdidas. Para amenizar a sede da população, governos federais e municipais contam com a ajuda do Exército para conseguir distribuir água em carros-pipa.
CEARÁ - O governo do Ceará reconhece a situação de emergência em 168 das 184 cidades do estado por conta da estiagem. O Ceará tem 112 açudes com volume inferior aos 30% e apenas um reservatório com volume superior aos 90%. Por causa dos problemas causados pela seca, cerca de 48% dos municípios decidiram não realizar festas de Carnaval este ano com a utilização de recursos públicos.
PARAÍBA - Atualmente, o Governo paraibano reconhece situação de emergência em 27 cidades. Mesmo com chuvas esparsas registradas no final de 2013, a estiagem se agrava deixando pelo menos 28 açudes com volumes abaixo de 3% de suas capacidades, sendo 14 completamente secos. A estimativa das autoridades locais é de que a falta de água prejudique o abastecimento de mais de 270 mil moradores.
PERNAMBUCO - Pelo menos 672 mil pessoas que moram nos 102 municípios pernambucanos em situação de emergência têm sofrido com as perdas na agropecuária por causa do longo período de estiagem. A maioria dessas cidades prejudicadas encontra-se no Sertão do Estado, onde riachos e açudes estão secos e animais seguem morrendo sem água e alimento.
PIAUÍ - No ano passado, 212 dos 224 cidades do Piauí entraram em situação de emergência por causa da seca. Hoje este número sofreu uma redução, mas ainda são 152 cidades prejudicadas. Nos primeiros dias de 2014, a chuva chegou em alguns municípios, mas não foi suficiente para diminuir os efeitos da estiagem.
RIO GRANDE DO NORTE - Entre os estados mais prejudicados com a seca prolongada está o Rio Grande do Norte, com 160 municípios em estado de emergência. A perspectiva dos órgãos locais de meteorologia é que as chuvas no Estado atinjam os níveis de normalidade, entre 301 e 401 milímetros.
SERGIPE - A falta de chuva em Sergipe deixa 23 municípios em situação de emergência, entre eles estão Canindé do São Francisco, Poço Redondo, Porto da Folha, Monte Alegre, Nossa Senhora da Glória, Gararu, Itabi, Feira Nova, Graccho Cardoso, Nossa Senhora das Dores, Nossa Senhora de Lourdes, Carira, Pinhão, Pedra Mole, Frei Paulo, Macambira, Nossa Senhora de Aparecida, São Miguel do Aleixo, Ribeirópolis, Poço Verde, Tobias Barreto e Simão Dias.
Fonte: NE10

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