Verão atípico é influenciado pela ausência de El Niño e La Niña
Condição do oceano Pacífico neutro é responsável por período de chuvas
As temperaturas extremas no país, registradas entre janeiro e fevereiro, foram maiores que todas as outras registradas na série de dados de observação disponível que, em muitos casos, superam séries de mais de 50 anos de registros. Nas regiões Sul e Sudeste do Brasil, o calor e a falta de chuva provocaram déficits hídricos e térmicos nas lavouras e pastagens.
Segundo o meteorologista, Paulo Etchichury, a explicação para esse verão fora dos padrões está nos oceanos. Primeiro, a condição do oceano Pacífico neutro – sem El Niño e nem La Niña – é responsável por um período de chuvas muito variáveis entre um mês e outro, e de uma região para outra. Em anos com essa condição é comum ocorrerem estiagens regionalizadas, porém sem períodos extremos e duradouros de ausência total de chuva.
– Temos que levar em consideração também o Atlântico. Desde o início de janeiro, ele passou a apresentar águas aquecidas próximas da costa do Rio Grande do Sul e do Uruguai – explica o meteorologista.
Segundo Etchichury, essa condição fez com que as frentes frias em janeiro atuassem mais sobre o extremo sul do Brasil além do Uruguai e Argentina. Portanto, em janeiro e na primeira quinzena de fevereiro, o Sudeste, Centro-Oeste e o Nordeste ficaram sem a atuação das frentes frias, condição atípica para a época do ano. O centro-sul do Brasil ficou sob o efeito constante de uma massa de ar tropical quente e seca, responsável por dias ensolarados e calor extremo, ao invés de ter a atuação das frentes frias. Somente no último fim de semana é que finalmente uma frente fria rompeu este bloqueio. No entanto, para algumas lavouras, esta chuva veio tarde demais. O meteorologista destaca também que está começando um novo ciclo do oceano Pacífico, conhecido como Oscilação Decadal do Pacífico (ODP) fase fria.
– Depois de um período de aproximadamente 30 anos de águas preponderantemente quentes, está começando uma fase de águas frias, a exemplo do observado entre 1945 e 1975. Uma das características desta fase fria é a redução do volume de chuvas no Brasil – diz Etchichury.
No Sul, as chuvas irregulares e mal distribuídas, com alguns períodos de estiagem, afetaram o desempenho do milho de verão. Esta condição também afetou a produção de soja que, em grande parte, tem seu período crítico (floração e enchimento de grão) nos dois primeiros meses do ano. O Sudeste, que tem no verão a estação das águas, enfrentou chuvas escassas nos últimos meses, que comprometeu a recuperação do nível dos reservatórios de água e coloca em risco o sistema de geração de energia hidrelétrica do Brasil.
A falta de chuva aliada ao forte calor prejudicou o desenvolvimento dos canaviais, laranja, café e também a produção de horti-fruti. As lavouras do Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia (MAPITOBA), depois das boas chuvas de dezembro, voltaram a enfrentar uma condição de pouca chuva em janeiro e parte de fevereiro. Esta situação afetou as lavouras de verão, especialmente a lavoura de soja. Só no Centro-Oeste as chuvas foram mais volumosas e o problema agora é o excesso de água na colheita da soja. (Canal Rural)
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