segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Taxa de lotação de pastagens e o resultado financeiro da pecuária de corte


Em pouco mais de uma década, a lucratividade média da pecuária de corte no Brasil diminuiu de 50% para 20%. Mudanças na política econômica, estabilidade da moeda nacional, valorização da terra e concorrência com agricultura afunilaram a produção de carne bovina a ponto de tornar uma obrigação a verticalização das fazendas, ou seja, produzir mais em uma mesma área. Mas qual é considerada uma boa taxa de lotação para a pecuária nos padrões atuais e como projetá-la dentro da porteira? As respostas serão divulgadas durante a palestra “A importância da lotação no resultado financeiro da pecuária de corte”, a ser ministrada pelo zootecnista e consultor da Terra Desenvolvimento Rodrigo Patussi durante o CONFINAR 2014.
Patussi lembra que, antes de projetar uma taxa de lotação, o objetivo é apontar um número de arrobas produzidas por hectare. “Essa produção é obtida através da lotação, ou seja, quantidade de animais por hectare de pastagem que conseguimos manter durante todo o ano e o ganho médio diário (GMD) desses animais”, explica o consultor.
Partindo desse ponto, a lotação adequada para um retorno financeiro desejável, competitivo com outras atividades, está atrelada ao rompimento da barreira de 10 @/ha/ano, projeta Rodrigo. O zootecnista explica o cálculo de lotação. “Normalmente, quando falamos em um GMD global de 370 gramas por cabeça ao dia (ou 135 kg/cab/ano), temos que ter em torno de 1,3 a 1,6 unidade animal/ha em média ao ano. Com 1,5 UA e 370 g temos aproximadamente 10 @ produzidas por ha/ano”, detalha Patussi.
No gráfico abaixo, o zootecnista demonstra como o pecuarista deve proceder para comportar a lotação média de 1,5 UA/ha/ano.

Embora realidade brasileira esteja bem abaixo do patamar que seria considerado competitivo para a pecuária de corte (inferior a 0,7 UA/ha, acredita-se), as médias dos produtores que se dedicam mais à gestão da propriedade mostram que há potencial para atingir a meta. “Nossos clientes têm, na média das últimas três safras, 1,26 UA/ha. Os 30% melhores obtiveram na safra 2012/13 a média de 1,8 UA/ha. Já os 10% melhores, 2,3 UA/ha”, revela o consultor.
A virada da chave para a propriedade começar a sair do vermelho ou simplesmente aumentar a lucratividade começa por um diagnóstico de suas pastagens, que aponta quais são as principais áreas e sua capacidade de suporte, etapa a qual o consultor denomina “Ponto A”. A etapa complementar, o “Ponto B”, é dimensionar o resultado financeiro para determinar o quanto deve ser produzido em cada uma das invernadas. “Feito isso, monta-se o projeto para alcance do “Ponto B” a partir do “Ponto A”, levando em consideração características produtivas, recursos financeiros e principalmente perfil do gestor”, sintetiza o palestrante do CONFINAR 2014.
A implementação do projeto passa pela adoção de procedimentos como:
- Evolução e dimensionamento de rebanho para ajustar o aproveitamento forrageiro;
- Manejo das pastagens respeitando a composição agrostológica da propriedade;
- Redimensionamento de piquetes;
- Produção de volumoso para estratégia de entressafra;
- Adubação de áreas que possibilitem maior produção e sirvam estrategicamente como “pulmão” para a propriedade como um todo.
De acordo com o zootecnista, a mensagem a ser retirada da palestra é que o bom projeto pecuário é que define qual e como avaliar a tecnologia a ser utilizada. “É possível alcançar lucratividade competitiva utilizando ferramentas baratas e disponíveis, mas para isso precisamos trabalhar com compromisso e dedicação”, recomenda. A apresentação “A importância da lotação no resultado financeiro da pecuária de corte”, a ser ministrada por Rodrigo Patussi, acontecerá às 13 horas (horário local) do primeiro dia de evento, 6 de maio. Os tópicos da palestra são:
- Lotação, desafios e implicadores;
- Cenários para aumento da lotação e consequente lucratividade;
- Lotação x Lucratividade: ferramentas e cenários;
- Aumento da lotação e lucro: cenário e ferramentas.
O CONFINAR 2014, realizado em parceria entre a Rural Centro e a Beef Tec, será realizado em Campo Grande, capital sul-mato-grossense, entre os dias 6 e 7 de maio no Centro de Convenções Rubens Gil de Camillo. As inscrições para o simpósio já estão abertas e podem ser feitas pelo site www.confinar.net. (Confinar)

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