sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Boa notícia para o sertão >> A esperança que vem do céu


Previsão dos meteorologistas é de chuva normal no interior do estado, durante o primeiro trimestre de 2014, e pode representar um índice três vezes maior do que o que foi registrado este ano

Após uma longa estiagem no sertão potiguar, os meteorologistas esperam que chova no primeiro trimestre de 2014 três vezes mais que a quantidade precipitada durante o mesmo período desse ano. A previsão indica que no interior do estado – entre as mesorregiões do oeste, central e leste potiguar - deve chover normalmente no próximo ano, atingindo uma média de 450 milímetros. Em 2013, a média nos três primeiros meses foi de 145 milímetros.

A previsão foi formulada após a 1ª Reunião de Órgãos Meteorológicos do Nordeste, realizada em Campina Grande, reunindo meteorologistas de estados como Pernambuco, Ceará e Rio de Grande do Norte nos últimos dias 19 e 20 de dezembro.

Segundo Gilmar Bristot, meteorologista da Empresa de Pesquisa Agropecuária (Emparn), as chuvas esperadas são importantes para os cidadãos do interior. “Esta quantidade de chuvas tem um valor considerável, principalmente no semiárido nordestino, que passou esse ano pela seca”, avalia. Gilmar foi um dos participantes da reunião e disse que a previsão feita não é conclusiva, mas representa a experiência de profissionais de todo o país.
“Houve discussões e comparações com dados referentes a 2012, e esperamos que 2014 seja um ano dentro da normalidade, o que significa quantidades consideráveis de chuvas”, alegou Gilmar.

Apesar da previsão não ser conclusiva, Gilmar disse que existem dois indícios que se relacionam e confirmam a tendência de chuvas para o próximo ano. O primeiro deles, apontou o meteorologista, é o rebaixamento da temperatura do oceano Atlântico no hemisfério norte. “Diferente do comportamento dos últimos dois anos, a temperatura do oceano está melhorando. Fator favorável à incidência de chuvas”, contou.

Outro fator que pode contribuir para as chuvas ao longo do ano é a velocidade do vento em dezembro. Segundo Gilmar, os dois últimos anos foram de ventos fracos, o que impedia a vinda da Zona de Convergência Intertropical, efeito natural responsável pela precipitação nos três primeiros meses do ano na região nordeste. O meteorologista disse que os ventos estão mais fortes neste mês.

“Quando as águas do hemisfério norte esfriam, elas trazem ventos mais fortes, os chamados ventos alísios, que empurram a Zona de Convergência em direção à região Nordeste, trazendo chuvas”, explicou Gilmar.

Além disso, esses dois fatores já estão atuando em favor das chuvas durante novembro e dezembro desse ano. Com a mudança na temperatura do oceano Atlântico e os ventos mais fracos foi possível a formação do Vórtice Ciclônico de ar Superior no início do mês de novembro. O fenômeno natural foi responsável pelas precipitações de chuva no interior do estado e a chuva de granizo na cidade de Santana do Seridó.

Os fatores que apontam um 2014 normal, com chuvas regulares, são os mesmos que justificam a seca que o estado passou nos anos de 2012 e 2013. De acordo com Gilmar, a temperatura do oceano e a velocidade dos ventos foram essenciais para que as chuvas pouco caíssem no interior do estado potiguar.

“Com o oceano mais quente e, consequentemente, com ventos mais fracos, os últimos dois anos foram de poucas precipitações”, alegou o meteorologista.

No dia 16 de março desse ano a governadora Rosalba Ciarlini decretou “situação de emergência por seca” em 144 dos 167 municípios do estado. Com o decreto, o governo fez convênio com a Defesa Civil para garantir o abastecimento das cidades que sofriam com a seca. Em função da situação, muitos agropecuaristas viram seu rebanho morrer e sua lavoura destruída.

No entanto, com pouca água nas barragens e nas cisternas, a população teve que comprar, inclusive com dinheiro do Bolsa Família, água de carros-pipa. No dia 19 de setembro, após o primeiro decreto expirar, a governadora Rosalba Ciarlini decretou novamente “situação de emergência por seca” em mais seis municípios do estado.

 Fonte: Novo Jornal

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