sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Problemas pós-colheita podem reduzir a competitividade do grão brasileiro 

Foto: Fabiano Bastos
Problemas pós-colheita podem reduzir a competitividade do grão brasileiro
Os principais gargalos logísticos e de armazenagem de grãos foram discutidos nesta terça e quarta-feira, 11 e 12 de setembro, em Sinop (MT), durante o V Simpósio Mato-grossense de Pós-colheita de Grãos. O evento, promovido pela Associação Brasileira de Pós-Colheita (Abrapós), abordou problemas que podem impactar na competitividade do grão brasileiro.

A programação contemplou temas como a dificuldade logística, déficit de capacidade de armazenagem, certificação de unidades armazenadoras, qualidade de grãos, perdas na colheita, fontes de energia para secagem de grãos, entre outros.

Segundo o pesquisador da Embrapa Soja (Londrina, PR) e presidente da Abrapós, Irineu Lorini, se não forem resolvidos, estes gargalos podem comprometer a qualidade do grão produzido no país, sobretudo a soja e o milho.

“Para a competitividade do nosso grão no mercado interno e externo, nós precisamos de qualidade. Com os problemas que temos hoje de logística e armazenagem, nós estamos indo num caminho em que deixamos nosso grão muito vulnerável a problemas de qualidade, quantidade de contaminantes, qualidade de proteína e de óleo. No milho, há a questão da perda do valor nutricional. Ao mesmo tempo em que o Brasil está aumentando a produção de grãos, ele está perdendo em qualidade. Em um determinado momento isto vai aparecer tanto no mercado local como no mercado externo”, prevê Lorini.

Armazenagem
De acordo com projeções do IBGE e dados da Conab, na safra 2013/2014 o Brasil deverá produzir 186 milhões de toneladas de grãos, enquanto a capacidade de armazenagem do país é de apenas 121 milhões de toneladas. Em Mato Grosso, na última safra a produção foi de 45,8 toneladas, para uma capacidade de armazenagem de 29 milhões de toneladas. Estima-se que a capacidade ideal para o estado seria em torno de 54 milhões de toneladas.

Nas projeções para os próximos dez anos a situação torna-se ainda mais alarmante, uma vez que a estimativa é de que a produção do estado gire em torno de 67 milhões de toneladas. Com isso, é necessária a construção de uma estrutura de armazenagem que comporte mais 50 milhões de toneladas de grãos.

“A logística não acompanha e não tem como acompanhar. Os investimentos tinham de estar sendo feitos há muito tempo. E hoje há a intenção destes investimentos, mas eles não estão se concretizando ainda. Não só em logística como em armazenagem. Temos um grande déficit em armazenagem. Não é do dia para a noite que você estrutura isto. Então tem que turbinar isto, para ter mais armazéns e também as melhorias logísticas”, alerta o gerente de planejamento da Aprosoja, Cid Sanches.

Segundo o pesquisador da Embrapa Soja Amelio Dall Agnol a demanda por soja no mundo irá aumentar nos próximos anos. Somente na próxima década a estimativa é de que seja necessário um acréscimo na produção mundial da ordem de 70 milhões de toneladas. Dentre os grandes produtores mundiais, o Brasil é o país com melhores condições de atender a esta demanda, sobretudo com o plantio em áreas de pastagens degradadas. Para isso, alerta, será necessário investimento em infraestrutura.

“Imagino que o governo já tomou consciência e está tomando decisões para que dentro de cinco ou dez anos tenhamos estes problemas e gargalos resolvidos. Porque a perspectiva de crescimento da área e da produção é inquestionável. Nós vamos ter crescimento porque a demanda continua crescendo em nível global. Os grandes produtores como Estados Unidos e Argentina não têm muito como crescer e o Brasil é o país que tem as condições”, afirma Dall Agnol.

Uma das medidas adotadas pelo governo para melhorar a capacidade de armazenagem foi a inclusão de uma verba de R$ 25 bilhões para a construção de silos e armazéns no Plano Safra 2013/2014. Entretanto, somente a disponibilidade de recursos não é o bastante para acabar com o déficit atual.

“Só o volume de recursos não é suficiente. A indústria precisa investir para poder produzir este aumento de capacidade. O próprio tomador tem muita dificuldade de pagar este investimento, porque a atividade de armazenagem não é muito rentável. Tem de ter uma industrialização associada para ela ser rentável. Demos um passo, temos uma sinalização boa de que neste momento temos recurso colocado para o aumento da capacidade. Mas temos de ter outras estratégias governamentais para estimular este aumento da capacidade de armazenamento”, afirma o presidente da Abrapós, Irineu Lorini.

O interesse em construir armazéns também parte dos produtores. Entretanto, nem sempre o investimento individual é viável.

“Por mais que o produtor de Mato Grosso tenha áreas maiores do que em outros estados, ás vezes mesmo uma grande área de plantio não viabiliza a instalação de um armazém. Então a Aprosoja incentiva também a formação de cooperativas, associações, condomínios de produtores em que eles se juntam e constroem grandes armazéns, o que é muito necessário para o estado”, explica Cid Sanches.

Simpósio
Esta foi a quinta edição do Simpósio Mato-grossense de Pós-Colheita de Grãos. O evento é realizado a cada dois anos em diferentes regiões do estado. Além de colocar em pauta os principais temas relacionados à pós-colheita, é um espaço para reunir e estimular o diálogo entre os diferentes atores do agronegócio.

“O objetivo do evento é mostrar as tecnologias que existem, mostrar o que a indústria tem para oferecer e daqui nascerem algumas coisas que vão necessariamente precisar que a pesquisa faça”, afirma o presidente da Abrapós, Irineu Lorini.

Esta quinta edição foi promovida pela Abrapós e realizada pela cooperativa C.Vale e pela Fiagril. A Embrapa é uma das co-promotoras do Simpósio.
NOTA DO BLOG:
É UMA VERGONHA. UM PAÍS ALTAMENTE PRODUTIVO SE RECENTE DE LOCAIS APROPRIADOS PARA ESTOCAR OS SEUS PRODUTOS, COMO TAMBÉM, PROBLEMAS SÉRIOS COM O ESCOAMENTO DA PRODUÇÃO NOS PRINCIPAIS CENTROS PRODUTORES, DEVIDO AO PÉSSIMO ESTADO DAS RODOVIAS. 

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