Com grande poder de atrair pragas, a cultura do algodão exige uma série de medidas de controle desde o início do ciclo produtivo. Entre as medidas mais utilizadas pelos cotonicultores está o controle químico, que representa em torno de 25% dos custos de produção da cultura. Se esses custos já eram considerados altos antes do aparecimento da Helicoverpa armigera, agora passam a por em risco a sustentabilidade da atividade.
A alta competitividade do mercado do algodão exige a prática de uma cotonicultura com custos cada vez mais controlados. Segundo o entomologista e pesquisador da Embrapa Algodão, José Ednilson Miranda, o sucesso da atividade cotonícula vai depender de dois fatores – a redução do custo de controle de pragas e o aumento da eficiência deste controle.
“Se por um lado, os custos de produção vêm aumentando a cada safra, a eficiência no controle fitossanitário passa a ser comprometida pela presença de pragas de difícil controle, como o bicudo e a Helicoverpa”, afirmou.
Em estudo preliminar realizado nas regiões produtoras de algodão no Brasil, abrangendo nove estados, o pesquisador apontou uma perda média de 11% da produção, ocasionada pelo ataque de pragas na cultura. “O custo de controle dessas pragas se situou em cerca de R$ 1.570,00 por hectare na safra 2012/2013, contra R$ 1.260,00 na safra 2011/2012, significando aumento de 25%. Deste custo, 46% se deve às ações de controle contra Helicoverpa armigera”, destacou.
A Helicoverpa armigera e o bicudo ocupam as primeiras posições no ranking de pragas de maior relevância econômica, seguidas por outras pragas polífagas do sistema, como a falsa-medideira, pulgão, ácaros, percevejo marrom e mosca-branca. “De modo geral, a predominância de culturas Bt reduziu a importância das demais lagartas e, em regiões onde cultivares resistentes à doença azul são predominantes, também o pulgão deixa de ser problema principal”, observou Miranda.
Nas duas últimas safras, o número de pulverizações na cultura do algodoeiro apresentou um aumento significativo de 10 a 15%. “Isto está diretamente ligado aos ataques da lagarta Helicoverpa e à dificuldade de seu controle”, explicou.
Miranda alertou que os danos causados pela nova praga não foram contidos na mesma proporção das ações de controle químico. “Esses dados devem ser considerados na reflexão sobre a necessidade de se repensar o controle químico como estratégia de manejo integrado de pragas e nas alternativas de MIP que possam contribuir para maior eficiência, menor impacto ambiental e menores custos de produção do algodão.”
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