segunda-feira, 29 de julho de 2013

Projeto apoiará produção de alimentos com água de chuva 


A cisterna já é tecnologia bem consolidada em programas do Governo Federal e da sociedade civil, que buscam dotar os domicílios nas áreas rurais do Semiárido com uma infraestrutura básica de armazenamento de água de chuva para garantir o consumo das famílias agricultoras nos períodos de seca.

O desafio, agora, é incorporar, aos sistemas de produção de agricultores familiares atendidos pelo Plano Brasil Sem Miséria (BSM), tecnologias que captam essas mesmas águas, só que para produção de alimentos e plantas forrageiras.

Projeto com esse objetivo acaba de ser elaborado em uma oficina que reuniu na sede da Embrapa Semiárido, em Petrolina – PE, pesquisadores de 12 Unidades da empresa de pesquisa, gestores do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) e profissionais de empresas contratadas pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) para prestar assistência técnica a agricultores atendidos por esse Plano em 14 Territórios da Cidadania localizados nas áreas secas do Nordeste. Também participaram técnicos de prefeituras do Estado do Maranhão e representantes de organizações não-governamentais, como a D. Helder Câmara, no Ceará.

Estruturantes
O coordenador de Acesso à Água do MDS, Igor Arsky, explica que se pretende levar ao campo tecnologias sociais de baixo custo e de “comprovada eficiência” nos resultados agrícolas. Atualmente, com base em pesquisas realizadas na Embrapa e experiências promovidas por organizações da sociedade civil, o MDS apoia a implantação de nove delas: cisterna de placas de 52 mil litros (calçadão e de enxurrada), barragem subterrânea, barreiro-trincheira, sistema de barraginhas, tanque de pedra, bomba d’água popular, barreiro lonado, pequenas barragens/microaçudes e limpeza de aguadas.

Se ampliarmos o acesso à água, favoreceremos o fomento e a estruturação produtiva da propriedade. Se aliarmos isso a capacitações para a gestão da água, daremos um passo importante para melhorar a produção de alimentos e a renda de famílias que hoje ainda se encontram muito vulneráveis socialmente, afirma Igor.

O projeto elaborado no treinamento realizado na Embrapa Semiárido busca integrar esses vários aspectos. Segundo Suênia Cibeli Ramos de Almeida, supervisora de Articulação para Sistemas de Produção Familiar do Departamento de Transferência de Tecnologia da Embrapa, a empresa de pesquisa precisou incorporar novos conceitos para atuar junto ao público atendido pelo BSM.

As equipes da Embrapa necessitavam incorporar nos projetos as vivências desses agricultores familiares que, apesar de viverem em condições fragilizadas, possuem um acervo de saberes que permitem sua sobrevivência nesses espaços por diversas gerações, explica.

Assim, ao invés de agir com base na “oferta de tecnologias”, os pesquisadores e representantes das empresas contratadas para prestar assistência técnica estabeleceram, em conjunto com os agricultores, as demandas do território. Dessa forma que, algumas delas – criação de galinha caipira, produção de manivas de mandioca e armazenamento de água de chuva para produção de alimentos –, foram reivindicadas em todos os territórios e serão tratadas em projetos com essa abrangência.

Diálogo
Além disso, aos mecanismos tradicionais de transferência de tecnologia, os projetos terão suas principais atividades desenvolvidas em torno das chamadas “Unidades de Aprendizagens” que Suênia define como um “espaço de apropriação, compartilhamento e irradiação de saberes”. Para ela, essa dinâmica envolve as comunidades e suas famílias na experimentação, adaptação e apropriação de conhecimentos e de tecnologias em processos de qualificação e formação de rede de agricultores, técnicos e pesquisadores na construção de conhecimentos. Desta forma, mobilizam-se e criam processos locais de desenvolvimento, afirma.

Essa articulação em rede, tanto para fazer a inclusão tecnológica quando para a troca de experiências e conhecimentos, “aumenta a capacidade e a oportunidade de as famílias em situação de extrema pobreza plantarem e colherem mais e melhor. Esse é o nosso maior desafio e o nosso compromisso primeiro, garante Suênia.

Igor considera “chave” a participação da Embrapa no Brasil Sem Miséria. A empresa de pesquisa é “fundamental” na multiplicação e irradiação de conhecimentos, e ainda na qualificação de uma assistência técnica e extensão rural (Ater) apropriada para o plano do Governo Federal. Isto dará um grande impulso para que outros dois programas do MDS – Inclusão Produtiva Rural e Superação da Extrema Pobreza e Programa de Fomento às Atividades Produtivas Rurais – alcancem maior efetividade.

Do universo de 253 mil famílias a serem atendidas até 2014 pelo Plano Brasil Sem Miséria, a pretensão é fazer o programa de fomento alcançar cerca de 30 mil famílias que já possuem uma tecnologia social de acesso à água para produção. E essas 30 mil famílias, atendidas pela Ater, receberão ainda R$ 3 mil em recursos não reembolsáveis em parcelas e prazos a serem definidas pelo Grupo Gestor do Programa.

As doze Unidades da Embrapa que enviaram pesquisadores e técnicos para participares da Oficina foram: Semiárido, Agroindústria Tropical, Algodão, Caprinos e Ovinos, Cocais, Mandioca e Fruticultura, Meio Ambiente, Meio Norte, Milho e Sorgo, Solos-UEP/Recife, Tabuleiros Costeiros e Informação Tecnológica. Das empresas e ONGs contratadas pelo MDA estiveram presentes: Consulplan/PB, IPA/PE, Chapada/PE, Caatinga/PE, EBDA/BA, EMDAGRO/SE, MMT/AL, Ematerce/CE, CODESAOP/RN, dentre outras.

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