O sim à Cabra & Ovelha
O
ano de 2012 foi cheio de peripécias: houve eleições, houve turbulência
econômica, houve tremores políticos, houve julgamento do “mensalão” e
aconteceram duas secas, uma na região dos lanados e outra no Semiárido
dos deslanados.
Novamente
flagelos climáticos compareceram para evidenciar que tudo que havia
sido projetado, discursado e aprovado, não conseguiu resolver os
problemas das pequenas e médias propriedades. O motivo é um só: erro de
enfoque. Atirou-se no passarinho que estava no espelho!
Resultado: enfraquecimento generalizado da atividade nas duas regiões tradicionais. Mesmo assim, 2012 foi um ano muito bom!
A
raça Dorper brilhou como nunca! O Santa Inês marcou presença, mostrando
crescimento novamente! A raça Saanen mostrou valentia, colocando 100
animais num recinto! O Boer chegou a 200 animais! O Texel manteve a reta
ascendente. Outras raças lanadas começam a acelerar: Romney Marsh,
Ile-de-France, Suffolk.
Do
Nordeste, vem a grata notícia da raça Soinga: mostrando um caminho
inovador para todos, colocando 250 animais à venda, todos os anos, na
Expo Natal.
No
setor de divulgação da caprino-ovinocultura, a revista O Berro uniu-se à
GMBC para lançar novos produtos, já trabalhando no livro “A moderna
criação de Cabra & Ovelha”, solicitado pelo BNB e também no livro
oficial da ABCZ: “Zebu”. São os dois principais produtos editoriais
brasileiros da pecuária de caprinos e ovinos e também de gado.
A
Expointer manteve sua aura; a Feinco brilhou em São Paulo; a Expo Natal
também obteve sucesso em plena época de seca; aconteceu o Dia-D,
promovendo um leilão para 500 pessoas em pleno Cariri Paraibano
fustigado pelo flagelo - justamente para deixar claro que o melhor é
tirar proveito quando tudo fenece ao redor.
Enfim, o ano de 2012 mostrou que a solução está em assumir o chão (clima) como ele é!
Caprinos & ovinos -
As medidas tão proclamadas de inclusão social mostraram ser frágeis,
pois estão focadas no indivíduo e não na geração de renda. Uma coisa é
“dar renda (esmola)”, outra coisa é promover a geração de renda. O foco
correto - e sempre evitado pelos governos sucessivos - deveria ser
inclusão do produtor rural como gerador de renda. Isso significa
extirpar o caráter eleitoreiro, o caráter salvacionista, para começar a
“pensar na Nação” e não apenas “pensar no voto”.
“Pensar
na Nação” significa implantar as pequenas ferramentas produtivas que
irão gerar milagrosos resultados em caráter permanente. Obviamente,
iniciativas como “Bolsas” jamais deveriam ser encaradas como
“redentoras”, pois nada mais são que a distribuição de uma fração do
“superávit” das contas nacionais. Essa distribuição é feita em muitos
países sem nenhuma conotação eleitoreira! É uma obrigação tentar
melhorar a situação dos consumidores fracos para transformá-los em
consumidores fortes. Melhorando o status do consumidor, melhora-se a
economia em geral. Não há milagre nisso e o endeusamento de personagens
políticas chega a ser enfadonha e picaresca. Ora, doar “Bolsas” é
obrigação de empresa que vai bem, de país que vai bem! Deveria estar
escrito na Constituição, para não se transformar em feudo eleitoral de
alguns espertalhões num país de espertalhões.
Outro
exemplo de solução é a Cisterna na região seca. Sem dúvida, no momento
presente, é uma solução, devido à inoperância atávica dos governos
regionais do Nordeste. O problema essencial é a falta de água - que pode
ser resolvido por várias maneiras - e o governo escolheu a pior de
todas (a transposição), e outra menos ruim, mas também censurável (as
cisternas). No primeiro caso, o governo passou a dinamitar as caatingas,
sem risco de ser preso pelo Ibama, pela Funai e pelos órgãos ambientais
- para não levar água a torneira nenhuma! Apenas um crime de lesa
pátria, contra os cidadãos nordestinos. O futuro dirá! Já a cisterna,
solução provisória, pode se transformar num genocídio, via hepatite (e
outras doenças), tanto quanto os pequenos açudes. A questão da água é
fácil de ser resolvida, por outras vias, mas os governos perderiam o
“feudo eleitoreiro”; perderiam a algema que mantém o “curral nordestino”
dócil no momento das eleições. Tem que se aplaudir a cisterna, pois é
da iniciativa privada, mas não é solução definitiva.
Um
bom exemplo é a criação de cabra & ovelha! Essa, sim, é uma solução
eficaz. Tanto serve para o extremo Sul (pampas) como para o Nordeste.
Estes dois polos geradores de genética apurada abasteceriam o
desenvolvimento no restante do país, produzindo carne e leite para o
mercado interno e externo. Tarefa fácil de ser implementada, desde que o
governo queira - de verdade - investir no sucesso das pequenas e médias
propriedades.
O
fato é que o setor rural continua alavancando a economia urbana, mas as
televisões e os noticiários governamentais somente têm voz para tratar
de automobilismo, indústria, comércio, etc. Pouco se fala em setor rural
nas televisões e, quando o fazem, é para mostrar um produtor frágil,
inculto, parasita das benesses urbanas. Pouco se mostra das vitórias
rurais, num país que, ainda, depende dos produtos do campo. País dos
paradoxos: tem o maior rebanho comercial do planeta, tem terra sobrando,
tem um povo que ainda é mal nutrido e tem 83% das propriedades rurais
em regime de precariedade!
Focar
em cabra & ovelha seria uma boa política no rumo de gerar renda
sustentável nas pequenas e médias propriedades. Basta querer!
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