Quais, como e quando utilizar as vacinas
Vacinação é sinônimo de lucro para o criador e a não-vacinação pode resultar em graves prejuízos.
O
correto manejo sanitário torna-se imprescindível para o sucesso dos
criatórios de caprinos e ovinos, em virtude dos altos custos da produção
e da competitividade dos mercados mundiais. Este controle é possível a
partir da adoção de medidas preventivas para uma série de enfermidades
dos animais (Langoni, 2004), que ressaltam a importância da vacinação no
manejo dos rebanhos.
Vacinas
são produtos biológicos que servem para a imunização contra diversas
doenças causadas por vírus e bactérias, conhecidos como micróbios, ou
seja, organismos vistos no microscópio (Instituto Fiocruz, do Rio de
Janeiro). Os chamados antígenos representam os constituintes ativos das
vacinas e são os responsáveis pela imunidade. As
vacinas são produzidas e classificadas de acordo com os tipos de
antígenos, representados pelos próprios micro-organismos, ou por suas
partes estruturais e produtos de seu metabolismo.
Um
programa efetivo de imunização deve propiciar a proteção para
controlar, ou prevenir as moléstias infecciosas que naturalmente ocorrem
nos rebanhos (Brumbaugh & Hjerpe, 1993).
A
vacinação de pequenos ruminantes não é obrigatória, segundo a Instrução
Normativa n° 87 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(MAPA), que estabelece as diretrizes do Programa Nacional de Sanidade
dos Caprinos e Ovinos (PNSCO). A vacinação não é realizada, mesmo contra
a febre aftosa, responsável por prejuízos devido às condições
internacionais para a exportação. Algumas vacinas são proibidas para
ovinos e caprinos, segundo o “Programa Nacional de Erradicação da Febre
Aftosa” (PNEFA, 2007) do MAPA. A vacinação, no entanto, é uma das
práticas mais garantidoras da sanidade e, por consequência, do lucro.
Algumas
vacinas são essenciais como medida preventiva. As doenças no rebanho
causam um impacto econômico negativo para o criador. Os tópicos abaixo
ilustrarão as principais e os métodos de vacinação.
Raiva
A
raiva representa uma doença causada por vírus que acomete diversos
animais e também o homem. O cão é o principal reservatório da doença
para disseminação nas áreas urbanas e em ambiente rural são os morcegos
hematófagos (Desmodus rotundus).
Esta doença manifesta-se com uma gama de sinais clínicos, citados a seguir:
1 - isolamento do rebanho;
2 - apatia;
3 - perda do apetite e dor;
4 - excitabilidade;
5 - salivação abundante e dificuldade de deglutição;
6 - incoordenação motora e tremores;
7- paralisia respiratória.
Estes sintomas podem evoluir até a morte dos animais.
Clostridioses
Medidas
preventivas devem ser adotadas, pois é uma doença de caráter agudo e há
dificuldade em estabelecer tratamentos para ela. A vacina é a principal
estratégia para combater a clostridiose (Lobato et al., 2004).
Na
clostridiose há uma variedade de manifestações clínicas causadas por
diferentes bactérias anaeróbicas (produtoras de toxinas) que acometem
diferentes espécies.
Os principais sinais clínicos apresentados por ovinos e caprinos acometidos incluem:
1 - dificuldade de locomoção;
2 - aumento de volume dos membros posteriores;
3 - excitabilidade;
4 - desvio lateral de cabeça;
5 - morte súbita.
Ovinos podem contrair o carbúnculo sintomático, tipo de clostridiose causada pela bactéria Clostridium chauvoei, através da contaminação de ferimentos. Estes podem ser causados durante o parto, castração, ou lesões de umbigo (Riet-Correa, 2001).
Linfadenite Caseosa
A linfadenite caseosa, ou mal- do-caroço é uma enfermidade contagiosa causada pelo Corynebacterium pseudotuberculosis, atingindo preferencialmente ovinos e caprinos. Causa perdas econômicas por condenação de carcaças (Riet-Correa, 2001).
A doença é caracterizada pela formação de abscessos em diferentes
partes do corpo dos animais, podendo levar a: emagrecimento progressivo e
deficiência respiratória, ou hepática (abscessos nas vísceras).
Ectima Contagioso
O ectima contagioso, ou dermatite pustular, é infecto-contagiosa causada pelo vírus Parapoxvirus
e também afeta os pequenos ruminantes. A enfermidade é caracterizada
por: desenvolvimento de lesões na pele do focinho e formação de bolha,
úlceras e crostas grosseiras no úbere e boca do animal.
Borregos ou cabritos não recebem anticorpos contra esta doença junto ao colostro materno (Barros, 2001).
Os animais afetados podem perder peso pela dificuldade de alimentação,
sendo que em jovens as lesões na língua impedem a amamentação. É
prejuízo ao criador e uma alerta para a importância da vacinação em
surtos.
A Tabela ilustra as principais vacinas e a vacinação indicada para a prevenção de doenças dos pequenos ruminantes.
Leptospirose
Caprinos
e ovinos são susceptíveis aos mesmos sorovares (variedades) de
leptospiras que acometem os bovinos (Langoni, 2005), motivo que
preconiza a utilização das mesmas vacinas após a identificação
sorológica da variedade de leptospira .
Os
ovinos correspondem ao grupo de animais domésticos menos susceptíveis à
doença, embora a leptospirose possa manifestar-se na forma aguda ou
crônica . Esta doença pode ter as seguintes manifestações: quadros de
septicemia, ou infecção generalizada; hemorragia; problemas renais;
mastite sanguinolenta; retorno ao cio; abortamento e morte precoce de
cordeiros (Hermann et al., 2004).
Após a identificação do surto preconiza-se a vacinação com duas doses em intervalos de 3 a 5 semanas e reaplicação semestral. O tratamento sistêmico com antibióticos também é recomendado.
Foot Root
Caracteriza-se
por uma doença bacteriana, contagiosa, que afeta todos os aspectos do
ciclo produtivo da ovinocultura. Pode levar à inflamação dos cascos e
laminite (Burke & Parker, 2007). Vacinação estratégica é indicada
coincidindo com os períodos favoráveis dos surtos.
A
prevenção da doença no outono, segundo Ribeiro (2001), é recomendada
com vacinação em fevereiro e reforço em maio. Já na primavera, indica-se
a aplicação em julho e a revacinação em agosto. Os animais já
imunizados, incluindo fêmeas em gestação, passam por manutenção anual.
Trabalhos recentes exploram o efeito da raça, categoria e grau de
acometimento dos animais sobre a resistência e sua herdabilidade na
produção.
Cuidados com vacinas - Representam fatores que devem ser evitados para o sucesso dos programas de vacinação:
- conservação inadequada (temperatura de estocagem ideal é entre 2 a 8°C);
- aplicação após o vencimento;
- dose incorreta ou insuficiente;
- falta de assepsia ou limpeza no local de aplicação.
Considerações finais
As
boas práticas aliadas às vacinas de qualidade representam o primeiro
passo para o manejo sanitário dos criatórios de caprinos e ovinos,
merecendo, portanto, total atenção dos produtores e técnicos envolvidos
nessa cadeia produtiva.
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