Deu na Tribuna do Norte:
No semiárido potiguar, a seca está destruindo as bases da
agropecuária. Os reservatórios estão saturados e o manancial de água
disponível é insuficiente. Sem pasto, os registros de morte do gado
bovino aumentaram e houve redução na oferta de emprego. Este é o cenário
no sertão – ainda mais devastador do que há quatro meses quando a
TRIBUNA DO NORTE publicou a série de reportagens “Caminhos da Seca”,
depois de percorrer 12 municípios do RN.
Nos últimos quatro meses, dirigentes, tanto da Federação da
Agricultura do Rio Grande do Norte (Faern) quanto da Associação
Norte-rio-grandense de Criadores (Anorc) viajaram pelo sertão, ouvindo
depoimentos e colhendo dados nos municípios mais afetados pela seca.
Além de relatos desoladores, localizaram cemitérios de animais;
constataram a grave escassez de água e ouviram reclamações de que a
lentidão das ações governamentais mata a pecuária, uma atividade
econômica pioneira, que envolve diretamente mais de 120 mil pessoas.
Em meio à caatinga, os criadores e agricultores reclamam de problemas
na oferta de água, com colapso, inclusive, na zona urbana de alguns
municípios; escassez de alimento para os rebanhos e da burocracia na
liberação do crédito rural emergencial. No Estado, 138 municípios estão
em estado de emergência, decretado em abril deste ano, e prorrogado por
mais 180 dias, no último dia 10.
A redução da produtividade é uma realidade em todos os municípios
percorridos pela Anorc e Faern, nos últimos meses. Em setembro, os
dirigentes da Anorc, por exemplo, fizeram um trajeto de Lajes a Caicó e
identificaram, ouvindo as associações e pecuaristas, que a produção de
leite deverá cair entre 30% e 60%, até o final do ano. Essa retração já
produziu efeitos negativos no mapa do emprego, no sertão potiguar. Entre
janeiro e julho deste ano, 1.609 postos de trabalho foram fechados no
RN. Isso somente, na agropecuária.
Os dados são do Caged – Cadastro Geral de Empregados e Desempregados.
O mapa da evolução do emprego mostra que, na atividade agropecuária, há
um grande descompasso: no ano, o setor contratou 4.357 pessoas e
demitiu 5.966 – uma retração de 10,95%, em relação a dezembro de 2011.
“O setor está mais pobre, está demitindo e não pode contratar no mesmo
ritmo”, afirmou o presidente da Faern, José Álvares Vieira.
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