Presidenta institui Política de Agroecologia para impulsionar agricultura familiar
A presidenta Dilma Rousseff instituiu nesta terça-feira (21) a Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica.
O documento prevê a elaboração de um plano com metas e prazos a serem
cumpridos pelo governo federal, além de determinar elementos como a
concessão de crédito, seguro, assistência técnica e pesquisa para para
ampliar a oferta dos produtos agroecológicos no Brasil.
Arnoldo de Campos, diretor de geração de renda do
MDA, enumera as vantagens da nova política. “Teremos grandes avanços em
três níveis: na geração de renda para os agricultores familiares, no
respeito ao meio ambiente, e na saúde dos consumidores, que passarão,
cada vez mais, a ter alimentos mais saudáveis”, diz.
A política e suas medidas foram debatidas durante
meses entre organizações não-governamentais, movimentos sociais,
representantes do setor privado e o governo federal. Para elaborar o
documento, o governo formou, em 2011, um Grupo de Trabalho
Interministerial (GTI), composto pelos Ministérios do Desenvolvimento
Agrário (MDA), Meio Ambiente (MMA), Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (MAPA) e Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS),
além do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), da
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Companhia
Nacional de Abastecimento (Conab) e da Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa).
O decreto vem de encontro às reivindicações de
organizações do campo ligadas à agroecologia e à produção orgânica, como
a Articulação Nacional de Agroecologia (ANA), que aposta em uma
política nacional como forma de fortalecer a agricultura familiar
camponesa e de povos e comunidades tradicionais. Os movimentos buscam
formas de produção ecologicamente corretas, com usos racionais dos solos
e das águas, além da eliminação do uso de agrotóxicos. O objetivo da
nova política é orientar a ação dos agricultores, de modo a produzir
alimentos em maior quantidade e qualidade, de forma sustentável, sem
agredir a saúde dos consumidores e o meio ambiente. Os movimentos
sociais reivindicam ainda que a Política Nacional os ajude na
preservação do patrimônio cultural e natural e na dinamização de redes
locais de economia solidária.
O diretor do MDA lembra que a produção agroecológica e
orgânica é livre de agrotóxicos e prima pelo uso racional dos recursos
naturais, como a água e o solo. Ele destaca ainda as vantagens da medida
para a agricultura familiar, maior produtora de orgânicos e produtos
agroecológicos do país. “Para os agricultores familiares, a iniciativa
representa uma grande oportunidade de geração de renda, pois os produtos
agroecológicos e orgânicos são mais valorizados no mercado”, pontua.
Campos salienta ainda que o mercado para estes
produtos vem crescendo, a taxas de dois dígitos no país e no mundo. No
Brasil, o mercado expande cerca de 20% ao ano – acima da taxa mundial,
de 15%. O mercado nacional ainda tem bastante espaço para crescer –
hoje são aproximadamente R$ 400 milhões, valor ainda pequeno se
comparado aos mais de R$ 80 bilhões do mercado externo. Campos vê aí uma
oportunidade: com maior estruturação, os agricultores familiares podem
exportar seus produtos.
A biodiversidade também é
abordada na nova Política. O manejo florestal, além de não agredir o
meio ambiente, também é um setor com demanda crescente. Campos lembra
que cada vez mais os produtos da floresta abastecem diferentes setores,
que vão além do alimentício. Hoje, por exemplo, está em franca expansão o
uso destes produtos na indústria de cosméticos e farmacêutica, com os
medicamentos fitoterápicos. “As medidas estabelecidas são coerentes com o
compromisso do governo federal de buscar uma produção cada vez mais
sustentável no país”, salienta Campos. Desta forma, ganham todos: o meio
ambiente, os consumidores e os mais de 90 mil produtores agroecológicos
do país, dos quais 85% são agricultores familiares.
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