O custo e as balelas sobre Leite de Cabra
Autor: Rodrigo Otávio Correia da Silva - 05/04/2012O que importa é ter certeza de que o uso de animais de alta produção
será sempre melhor que o uso de animais de fraca produção.
Existem sim alguns erros de conotação que ao meu ver, tornam-se grande mal entendido, tais como a expressão “bombar”. Há quem diga que qualquer bom programa de alimentação já seja “bombar” e isso não é verdade. Alimentar bem não significa superalimentar. É claro que em tudo existem os excessos, tais como:
l sondar vacas em julgamentos de pista,
l canular a veia de animais em pleno torneio leiteiro,
l represar leite nos animais em exposições para julgamentos,
l etc.
Na verdade é preciso separar as críticas construtivas daquelas conversas de pessoas invejosas que, não querendo ou não podendo estar no topo da fama, articulam sua defesa, fazendo acusações, inventando fofocas, etc. Além de não terem animais à altura, ainda exibem um caráter melífluo e inferior. É preciso separar o joio do trigo - diz a Bíblia.
Progresso
É normal desejar o progresso - antes de tudo! A maior ferramenta para o progresso, ou seja, para melhorar a produtividade chama-se “melhoramento genético” e só é possível fazer melhoramento genético observando os fenótipos. O que seria um fenótipo? É aquilo que está visível no animal: é a soma de “Ambiente + qualidade genética”.
O leite tem um custo e precisa ser analisado.
Então só podemos medir e avaliar genótipos quando o ambiente for favorável, possibilitando assim a máxima expressão produtiva do animal.
Isso está bem claro naquele antigo ditado: "não se gasta vela com defunto ruim".
Exatamente! De nada adianta superalimentar um animal que não tem uma genética favorável e produtiva. Isso tem que ficar claro, pois muitos confundem as coisas. Criticar o bom manejo que tem por objetivo expressar melhor o potencial genético do animal pode se tornar uma armadilha para o novo criador (cliente). É muito comum encontrar no gado, cavalos, etc. espertalhões que dizem que “o animal, em sua essência, pode ser improdutivo”. Dizendo de outra forma, eles afirmam que “o animal produz menos por ser muito mais rústico”. Ou vão mais longe, dizendo que “o animal parece improdutivo, mas é o legítimo e verdadeiro em sua essência”. Balelas! Parece conversa de político demagogo, sobre o palanque onde consegue enganar as multidões ignorantes.
Estou acostumado a mencionar para meus alunos de Melhoramento Genético da Faculdade de Veterinária de Três Corações (Unincor):
- Um animal bem alimentado custa muito caro e é por isso que ele precisa ser muito produtivo.
No último Fórum de produtividade animal da Universidade Federal de Lavras (UFLA) mostrei uma conta interessante para cabras leiteiras, que é mais ou menos, o que está nas Tabelas 1 e 2.
Por isso eu digo que o barato sai caro em relação à cabra de leite! De fato, um animal que não produz 800 kg de leite na segunda cria será muito caro e o melhor é encaminhá-lo para ser abatido.
Outro ponto a ser discutido, são as terapias hormonais como o “Bustim” e o “Lactoprim” que, ao meu ver, quando bem aplicadas auxiliam os bons animais em sua melhora de produção. É preciso deixar claro que um animal ruim vai passar a produzir 20% a mais e vai continuar ruim enquanto um animal extremamente leiteiro também vai ter um acréscimo de 20%. Digo isso porque já ouvi criadores falando que animais de alta produção estão “bombados” e produzem o mesmo que outros animais que não utilizam hormônios.
Estamos vivendo nas cabras leiteiras o que aconteceu com a Natação Olímpica: recordes foram quebrados com auxílio do macacão antiaderente aquático que os atletas utilizavam nos novos tempos. A nova roupa ajudou! Então, mensurar e adotar novas tecnologias, não gera um resultado distorcido, quando todos podem ter a mesma condição. Quando todas as cabras forem aferidas pelo mesmo critério, essas acusações provarão ser apenas balelas!
Por último, mas não menos importante, falam sobre a produtividade ao longo da vida do animal. Muitos criadores até bem conceituados, estão defendendo uma bandeira de baixa e média produção e uma vida longa. Será verdade? Vamos aos números:
s Um animal de alta produção, 2.000 kg de lactação, produz na média 200 kg de sólidos por lactação. Multiplicado por 5 lactações são 10.000 kg de leite e 1.000 kg de sólidos na vida toda.
s Um animal de baixa produção, 800 kg de lactação, produz na média 80 kg de sólidos por lactação. Multiplicado por 10 lactações são 8.000 kg de leite e 800 kg de sólidos na vida toda.
No correr do tempo, obviamente o animal de maior produtividade é muito mais recompensador. Então, essa acusação também é balela. Por que esperar pelo amanhã, se pode fazer hoje?
Conclusão
O melhor caminho é selecionar cada vez mais os animais que dão mais lucro. Os bons animais, para transmitirem, fielmente, suas características (e chances de lucro, na progênie) precisarão, sempre, ser de altíssima genética. Quanto mais puro, maior confiança transmitirá.
Rodrigo Otávio Correia da Silva - é Méd. Veterinário, Mestre em Reprodução
Animal na FMVZ (USP), prof. titular na Unincor; Prof. Assoc. Central Reprodução;
dir. técnico da ABCSaanen.- Mais informações: (35) 9139-0626 / 9143-8844
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