Mangalarga marchador faz sucesso em shows de adestramento
Essa é a única raça brasileira a se apresentar na Equitana em 2011.
Na Europa, o cavalo disputará espaço com uma égua de raça da Islândia.
Quem visita a feira na Alemanha pela primeira vez leva um susto com a frequência. O público é 80% feminino. A professora Cláudia Lechonski, filha de alemão com brasileira, explica que na Europa hoje o cavalo ocupa também o lugar do animal de estimação.
Para a europeia, Cláudia costuma dizer brincando que ter um cavalo se parece com uma menina que tem uma barbie. Curte-se tanto a boneca como o mundo de acessórios em volta. Está no meio termo entre o que pode ser um brinquedo, mas também uma joia. São peças bonitas e, ao mesmo tempo, funcionais.
Segurança é um dos tópicos principais dos produtos expostos na Equitana. O cavaleiro pode ter um air bag para cavalgar. “É confortável como qualquer outro colete. A diferença é que embaixo ele tem um mosquetão para prender na sela, tipo de um cinto de segurança. Se a pessoa cai, ele dispara o mecanismo da ampola de gás recarregável que, automaticamente, infla os bolsões protetores da coluna e das costelas”, explica o vendedor Steffen Butenschön.
Além de mais segurança para o tronco, o cavaleiro pode dar mais proteção para o bumbum e mais conforto para o corpo todo. Uma das selas alcança 210 ajustes diferentes para se adaptar ao tamanho de quem monta e do cavalo. É de cromo alemão com estrutura de fibra de carbono. Levíssima, pesa pouco mais de um quilo e custa cerca de oito mil reais.
O vendedor diz que a sela pode ficar mais macia. Com uma bomba parecida com as de encher pneu de bicicleta, o ar é injetado em quatro bolsões distribuídos embaixo da sela e o assento é regulado.
Talvez o cavaleiro nem precise desse tipo de sela caso venha montar num mangalarga marchador. É um animal de andamento suave por natureza, diferente dos trotões europeus e americanos, que fez um grande sucesso na feira.
Astrid Oberniedermayr foi eleita presidente da recém criada Associação Europeia do Mangalarga Marchador, entidade coligada à associação brasileira da raça, cujo presidente Magid Forever também participou do evento. Em conjunto, eles levaram uma tropa do Brasil que por dois anos irá se exibir em feiras e exposições da Europa. O programa tem o apoio do governo brasileiro, que vê no mangalarga um bom potencial.
“O objetivo é promover a exportação de produtos com alto valor agregado”, explica Hawaí Miranda, gestor de projetos da Agência Nacional de Exportação e Investimento.
Na Europa, o marchador brasileiro disputará espaço com uma égua de raça típica da Islândia, país formado de ilhas próximo ao Pólo Norte. Como todo marchador, o islandês é cômodo e apresenta um andamento gracioso, tem harmonia e leveza no alteio das mãos. Nas demonstrações da raça em tablado, faz emite o mesmo som do mangalarga. Na grande arena de exibições, levanta os aplausos com a movimentação garrida. Introduzido na Alemanha apenas há 40anos, já conta com uma população de 70 mil cabeças.
Porém, duas características do islandês podem colocá-lo em desvantagem com o mangalarga: pequeno, o animal é classificado como pônei; outra é que para realizar a marcha, ele tem que estar sempre com a rédea estirada. Se soltar, ele volta para o trote. Ele encarta a marcha de modo artificial. Ele aprende a entrar neste passo. Enquanto que o mangalarga faz isso naturalmente.
Nas apresentações, depois de demonstrar as marchas batida e picada, a equipe alemã do mangalarga convida quem quiser a experimentar. É a única raça da feira a abrir o picadeiro para um teste riding, uma prova de montaria.
Naomi Beager, que trabalha com exportação, tem cinco cavalos, um marroquinho e quatro americanos, quarto de milha e paint-horse. “É a primeira vez que experimento um cavalo desta raça. É exatamente como tinha pesquisado na internet. É como se eu estivesse sentada num sofá. Minha próxima compra, com certeza, será um cavalo brasileiro”, explica.
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