Governo tenta conter preço de alimentos
Por Edna Simão
Brasília (AE) - Com a disparada dos preços das commodities no mercado internacional, o governo federal mudou de estratégia e intensificou este ano a realização de leilões de alimentos. A preocupação principal é o milho, cujo valor está pressionado desde outubro do ano passado. Esse grão é utilizado como comida para animais e, portanto, influencia diretamente nos preços das carnes bovina, suína e de frango.
rodrigo senaA preocupação principal é o milho, cujo valor está pressionado desde outubro do ano passado
O objetivo dos leilões de estoques do governo é segurar os preços, impedindo pressões adicionais na inflação. Dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), órgão ligado ao Ministério da Agricultura, mostram que a quantidade de toneladas de alimentos leiloados pelo governo no primeiro trimestre já ultrapassou de longe os números de 2010. Nos três primeiros meses de 2011, foram ofertados 3,713 milhões de toneladas de alimentos, e 2,112 milhões de toneladas foram negociadas, resultando em R$ 751,812 milhões.Em relação a 2010, houve um aumento de 69% no volume de toneladas ofertadas e de 161,7% no que foi negociado. Em 2010, essas operações renderam R$ 297,283 milhões - queda de 152% na comparação apenas com o primeiro trimestre deste ano. Praticamente tudo do que foi leiloado neste ano é milho. Foram ofertado 3,695 milhões de toneladas de milho e 2,111 milhões foram negociadas, o que rendeu R$ 750,193 milhões ao governo.
Estabilidade
Segundo o superintendente de operações comerciais da Conab, João Paulo de Moraes Filho, entre 2008 e o início de 2010, os leilões do governo eram realizados, prioritariamente, para garantir o preço mínimo dos produtos ao agricultor. Porém, a partir do segundo semestre de 2010, esse comportamento mudou por causa da forte elevação dos preços das commodities no mercado externo.
“Agora, o objetivo é dar estabilidade aos preços. Os estoques do governo são justamente para isso”, disse o superintendente. “Não posso manter os preços artificialmente baixos. Mas posso vender uma quantidade para manter a estabilidade.”
A política de intervenção no mercado para evitar disparada dos preços é elaborada pelos técnicos do Ministério da Agricultura e da Conab com base no comportamento do mercado. Normalmente, os produtos são vendidos em locais onde ocorreu perda de safra ou atraso na colheita por questões climáticas.
Para o analista de milho da Celeres Consultoria, Anderson Galvão, os leilões de venda de milho têm pouca influência para segurar os preços. Isso porque existe uma percepção do produtor de que o governo não tem estoques suficientes para conseguir evitar a disparada dos preços. “A Conab tem estoques suficientes para atender a demanda, mas não para derrubar os preços.”
Arroz. Se por um lado o governo vende milho, por outro está comprando arroz. Os preços caíram consideravelmente e, para garantir uma renda mínima ao produtor, a Conab está comprando para estocar. “O objetivo é não deixar o produtor desestimulado”, afirmou o superintendente da Conab.
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